Sindicato contra falta de "radiologia com presença física" de madrugada no São João

Depois do Hospital de São José (Lisboa), sindicato denuncia que o São João (Porto) não tem radiolistas de madrugada. O alerta é do Sindicato Independente dos Médicos, mas administração responde que este tipo de resposta já tem anos.

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Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) revelou esta semana que “num hospital de referência como o São João”, no Porto, não há radiologia "com presença física no período entre as 1h00 e as 8h00 no serviço de urgência”. O centro hospitalar a que pertence este hospital diz que este modelo já existe há vários anos e não afecta a qualidade do serviço.

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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) revelou esta semana que “num hospital de referência como o São João”, no Porto, não há radiologia "com presença física no período entre as 1h00 e as 8h00 no serviço de urgência”. O centro hospitalar a que pertence este hospital diz que este modelo já existe há vários anos e não afecta a qualidade do serviço.

“É lamentável que isso aconteça, porque é fundamental a presença física de um radiologista para os colegas da cirurgia ou da ortopedia fazerem a cirurgia. Se não estiver um radiologista em presença física, muitas vezes não fazem a cirurgia, adiam-na”, Roque da Cunha.

Sublinhando que "desde há anos" que a resposta está organizada desta forma, o Centro Hospitalar de São João (CHSJ) respondeu especificando que assegura "24 horas de radiologia convencional, 24 horas de neurradiologia e 24 horas de neurradiologia de intervenção".

Mais: "Entre 8h00 e a 1h00 a TAC (Tomografia Axial Computorizada) de Corpo é assegurada exclusivamente pelo CHSJ." Mas, no período entre a 1h00 e as 8h00, admitiu que o serviço “é assegurado por telerradiologia". "Os exames são feitos no CHSJ e os relatórios são feitos à distância", precisou. “Entre as 8h00 e a 1h00, a Ecografia é assegurada pelos profissionais do CHSJ. Entre a 1h00 e as 08h00 só ecografias emergentes, realizadas pelo Serviço de Urgência”, acrescenta.

A denúncia do SIM acontece quase um mês depois de ter sido noticiado o fim da radiologia à noite no Hospital de São José, em Lisboa. Esta medida entrou em vigor em 1 de Junho, com a administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (em que está integrado o S. José) a sublinhar que o recurso à telemedicina é comum nos hospitais nacionais e estrangeiros.

Roque da Cunha defende, porém, que “é fundamental que, tal como o Hospital de Santa Maria (Lisboa) tem presença física de radiologistas, o Hospital de Coimbra tem presença física, o Hospital de São João tenha presença física de um radiologista”.

Sobre a oportunidade da denúncia, uma vez que a administração do hospital do Porto explicou que o esquema do Serviço de Imagiologia se mantém inalterado desde há uma década, Roque da Cunha afirmou que “só na semana passada” o sindicato teve “a confirmação objectiva de que não há presença física de radiologista” naquele período.

“Já tínhamos denúncias, mas era necessário documentação onde isso estivesse expresso. Não podemos crer que haja medicina de segunda num hospital de referência como é o Hospital de São João”, frisou.

A administração do CHSJ respondeu que o “São João” assegura “um serviço de qualidade na área da imagiologia, em todas as especialidades, com um esquema que se mantém inalterado há 10 anos. Não houve qualquer mudança recente”.

O dirigente sindical lamentou que o conselho de administração do CHSJ não reaja à denúncia, "reorganizando, para ter radiologia em presença física". "Dispensamo-nos de referir as múltiplas situações clínicas em que uma simples ecografia é um precioso auxiliar para o diagnóstico e atitude terapêutica em contexto de urgência”, lê-se na página do SIM na Internet.