Não viste nada em Chappaquidick

Um profissionalismo de telefilme insosso, funcional sem convicção, a contar o acidente que em 1969 cortou as ambições políticas do mais novo (e último sobrevivente) dos irmãos Kennedy, Ted.

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O “segredo” em causa é o célebre incidente de Chappaquidick (já aflorado num dos melhores filmes de Brian de Palma, Blow Out), que em 1969 cortou as ambições políticas do mais novo (e último sobrevivente) dos irmãos Kennedy, Ted. Se o incidente em si pouco tem de notável (um desastre de automóvel), notável foi o comportamento de Ted, cuja demora de meio dia em reportar o acidente às autoridades (deixando dentro do carro submerso o cadáver de uma funcionária do seu staff), deu azo a especulações demasiado insuportáveis para um putativo candidato à presidência dos EUA.

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O “segredo” em causa é o célebre incidente de Chappaquidick (já aflorado num dos melhores filmes de Brian de Palma, Blow Out), que em 1969 cortou as ambições políticas do mais novo (e último sobrevivente) dos irmãos Kennedy, Ted. Se o incidente em si pouco tem de notável (um desastre de automóvel), notável foi o comportamento de Ted, cuja demora de meio dia em reportar o acidente às autoridades (deixando dentro do carro submerso o cadáver de uma funcionária do seu staff), deu azo a especulações demasiado insuportáveis para um putativo candidato à presidência dos EUA.

Em termos dramáticos esse “buraco negro” é o aspecto mais interessante da história — o que se passou na cabeça de Ted, o que é a “verdade” quando a sua única testemunha é também o principal interessado? Inquietações metafísicas que não vale a pena procurar no filme de John Curran.

É filme de ilustrador, de artesão competente mas não especialmente dotado, tão preocupado em seguir as voltas do argumento para a frente e para trás que lhe não sobra espaço, nem habilidade, para construir uma tensão que tenha aqueles elementos (resumindo: uma dúvida razoável quanto à autenticidade dos factos que narra) em conta. O resto, as horas e os dias seguintes ao acidente, passados em modo de “gestão de crise” pelo que restava do clã Kennedy, é dado num profissionalismo de telefilme insosso, funcional sem convicção, e pouco capaz de dar vida à reconstuição de época (dos carros de bombeiros ao guarda-roupa, está tudo tão imaculado que parece vindo dum museu). Aqui e ali podemos detectar alguma ambiguidade no olhar sobre o protagonista, que numas cenas parece forte e determinado para logo a seguir parecer fraco e desorientado — mas o mais provável é isso ser produto do desequilíbrio do filme.

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