Rio reclama empregos qualificados e mais bem remunerados

Líder do PSD considera que as medidas anunciadas no fim-de-semana pelo primeiro-ministro para minimizar o problema da emigração fazem sentido, mas alerta que a natalidade é um "problema gravissímo" do país.

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Rio falou aos jornalistas após uma reunião com o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados LUSA/FERNANDO VELUDO

O líder do PSD entende a preocupação do primeiro-ministro de “criar condições” já no próximo Orçamento do Estado para fomentar o regresso dos portugueses, que entre 2010 e 2015 abandonaram o país, e considera que o Governo se deve também preocupar com a emigração que persiste e regista valores preocupantes.

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O líder do PSD entende a preocupação do primeiro-ministro de “criar condições” já no próximo Orçamento do Estado para fomentar o regresso dos portugueses, que entre 2010 e 2015 abandonaram o país, e considera que o Governo se deve também preocupar com a emigração que persiste e regista valores preocupantes.

“Se o primeiro-ministro está preocupado, acho bem que tenha ideias que possam ajudar a resolver esse problema, mas o Governo não se pode esquecer que continuam a sair do país cerca de 100 mil pessoas, em média, por ano, por não encontram o emprego que gostariam de ter e o salário que gostariam de ganhar”, declarou nesta segunda-feira Rui Rio ao PÚBLICO, no final de um almoço com mais de meia centena de empresários durante o qual fez uma intervenção sobre os 100 dias de liderança do PSD.

E como é que se estanca a saída de quase 100 mil portugueses, em média, por ano? “Criando emprego qualificado e pagando salários mais altos”, responde Rio. A criação de mais e melhor emprego é também uma das preocupações de António Costa que, no encerramento do Congresso do PS deste fim-de-semana, defendeu que o “combate à precariedade é absolutamente essencial” e proclamou a convergência dos salários dos portugueses com a média dos salários da União Europeia. Rio concorda com a ideia, argumentando que é preciso inverter a lógica do emprego com baixos salários. “O emprego que tem sido criado em Portugal não tem sido consentâneo com o objectivo que o primeiro-ministro defende que é emprego com mais qualidade e salários elevados”, observa.

“Temos de apostar na criação deste tipo de emprego e no apoio às empresas que estão mais capazes de criar emprego”, defende o líder do PSD, que alerta para a baixa taxa de natalidade, que, na sua perspectiva, “é um dos problemas gravíssimos” que o país enfrenta. “Estou de acordo que o país tem de encontrar um caminho e somos todos co-responsáveis nisso, no sentido de aumentar a taxa da natalidade e de aumentar a sustentabilidade dos portugueses enquanto tal”, assume o ex-autarca do Porto, revelando que o Conselho Estratégico Nacional do PSD vai debruçar-se sobre o tema. “Alguma coisa iremos fazer nessa matéria”.

Quanto a um eventual acordo laboral no âmbito da concertação social, Rio aguarda que as propostas cheguem ao Parlamento. Até lá, vai dizendo: “O PSD vai votar de acordo com aquilo que são as suas ideias e as suas convicções, não vai votar por um qualquer oportunismo de ocasião”. “Se cabe nos parâmetros normais do nosso raciocínio e do nosso discurso, votaremos a favor” das propostas de alteração à lei laboral que o Governo apresentou às confederações patronais.

Rio foi parco em comentários sobre o pedido de renúncia de Santana Lopes de número um da lista do Conselho Nacional. Interpreta-a como uma ruptura final consigo? “Não interpreto nada, não faço leitura nenhuma especial sobre isso. Ele continua a ter assento no Conselho Nacional por inerência [por ter sido presidente do PSD]", disse.

De manhã, o líder do PSD reuniu-se com a direcção do Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados e anunciou, segundo a Lusa, que o partido fará ao longo do mês de Junho um documento de “diagnóstico sobre a actual situação da justiça", para que depois seja possível ver “o que pode ser uma verdadeira reforma” para o país.