Acusado de não pagar rendas, deputado do PS admite abandonar vida política

Renato Sampaio garante que se atrasou “apenas uma vez” e diz-se alvo de “perseguição”. O socialista diz que vai apresentar várias queixas-crime.

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Renato Sampaio é líder do PS-Porto e membro da Comissão Política Nacional do partido Nelson Garrido

A decisão ainda não está ainda tomada, mas o deputado socialista, Renato Sampaio, que se tornou notícia por ser alvo de uma acção de despejo por irregularidades no pagamento da renda da sua casa no Porto, não afasta a possibilidade de abandonar a vida política definitivamente, no final do mandato.

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A decisão ainda não está ainda tomada, mas o deputado socialista, Renato Sampaio, que se tornou notícia por ser alvo de uma acção de despejo por irregularidades no pagamento da renda da sua casa no Porto, não afasta a possibilidade de abandonar a vida política definitivamente, no final do mandato.

O tema tem sido abordado pelo próprio junto de alguns dos seus correligionários de partido, mas nesta terça-feira, ao PÚBLICO, optou por não revelar se vai mesmo retirar-se, ao fim de 20 anos de vida política.

Eleito presidente da concelhia do PS-Porto em Janeiro, Renato Sampaio é acusado pela senhoria do imóvel, Cristina Padrão, de não pagar com regularidade a renda da casa que alugou há 44 anos, na zona das Antas, e de a entregar com sinais visíveis de degradação.

O caso foi tornado público pelo jornal Económico, depois de a proprietária ter publicado um post no Facebook na segunda-feira. E por pouco a denúncia não coincidia com a intervenção que Renato Sampaio fizera na semana passada no Parlamento, num debate sobre rendas e reabilitação urbana. A questão levou um dirigente nacional socialista a perguntar: “Qual é a legitimidade de Renato Sampaio para falar em nome do PS sobre habitação, quando é acusado de não pagar uma renda de 180 euros mensais?”

Dirigente nacional do PS - integra a Comissão Política Nacional –, Renato é acusado pela senhoria de ter devolvido a casa “destruída e degradada”, a necessitar de obras de reabilitação.

Acusando a senhoria de não ter feito obras na casa ao longo dos anos, o parlamentar queixa-se de estar a ser alvo de “perseguição” e revela que foi apanhado de surpresa com a denúncia do caso no Facebook pela ex-senhoria, que publicou várias fotografias que evidenciam o estado de degradação em que o imóvel foi entregue.

“Há sempre um dia em que uma pessoa fica farta (…) Vai daí, passo a tornar públicas as primeiras imagens que documentam o estado em que o engenheiro e deputado Renato Sampaio devolveu o apartamento, depois de o ter habitado durante mais de 40 anos. Temos pena! Foram oito meses de tentativas de chamar a outra parte a negociar, sem qualquer resultado a não ser no dia em que publiquei um post relativo ao assuntos (a ver se fazia andar as coisas) e, no dia seguinte, o senhor veio bater à minha porta: ‘Eu pago tudo o que lhe devo, mas tire aquilo do Facebook’“, relata.

O post foi retirado provisoriamente, mas Cristina Padrão esclarece que só alterou as definições de privacidade, nunca apagou o conteúdo. Segundo revela, Renato Sampaio “não só não pagou, como, entretanto, percebeu que não tinha hipótese a não ser: negociar nova renda ou abandonar o locado, e optou pela última hipótese”.

Sem espaço de manobra, o deputado acabou por entregar a casa no dia 30 de Abril, altura em que pagava 180 euros de renda por mês.

Ao PÚBLICO, o deputado defende-se das acusações. Diz que “houve apenas uma situação” em que se atrasou no pagamento da renda e que tem os “comprovativos que mostram que ficou tudo pago”. Garante que “já deu “instruções aos seus advogados para apresentarem um ou várias queixas-crime” em tribunal, porque – sublinha – “tudo Isto não passa de uma mentira.

E qual é a leitura que faz deste caso? “Admito que por detrás dele possam estar questões pessoais”, diz, referindo também um “assassinato de carácter” à sua pessoa.

Com o Parlamento em silêncio, o PS aguarda pela amplificação do caso no espaço mediático para, eventualmente, tomar uma decisão. Ou não.