Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa demite-se

Saída acontece dois dias depois de os trabalhadores da fábrica terem votado contra a destituição da Comissão de Trabalhadores.

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Daniel Rocha

O coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, Fernando Gonçalves, apresentou hoje a demissão, dois dias depois de a maioria dos trabalhadores da fábrica de Palmela terem votado, em referendo, contra a destituição da CT.

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O coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, Fernando Gonçalves, apresentou hoje a demissão, dois dias depois de a maioria dos trabalhadores da fábrica de Palmela terem votado, em referendo, contra a destituição da CT.

Em comunicado, a CT da Autoeuropa sublinha que "após análise mais profunda e detalhada" dos resultados do referendo de quarta-feira "continua a existir um sentimento de contestação" para com a CT "com principal foco na pessoa do seu coordenador Fernando Gonçalves".

"Por este motivo o coordenador da Comissão de Trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa decidiu apresentar hoje a sua demissão da CT por considerar que o projecto a desenvolver pela equipa não pode ser posto em causa", lê-se no documento assinado pelos membros da CT.

Segundo adiantam, nos próximos dias será efectuada a substituição de Fernando Gonçalves pelo membro imediatamente seguinte constante da Lista E candidata às últimas eleições, bem como a eleição da nova Comissão Executiva e do novo coordenador.

Na quarta-feira a maioria dos trabalhadores da fábrica de automóveis da Autoeuropa votou em referendo contra a destituição da CT, legitimando a continuidade da actual direcção liderada por Fernando Gonçalves.

"Perante este resultado, e tendo em conta que a participação da votação foi inferior a 2/3 e que ainda assim mais de 50% dos votos foram desfavoráveis à destituição, (segundo o número 7 do artigo 68 dos estatutos), a CT encontra-se desta forma legitimada para permanecer em funções", referia então, em comunicado, a CT da Autoeuropa.

Dos 5.953 inscritos no referendo votaram apenas 3.174 trabalhadores, a maioria dos quais - 57,3% (1.818 votos) - contra a destituição da CT, enquanto o "sim" à destituição obteve 38% (1.206 votos).

Os primeiros sinais de descontentamento de alguns trabalhadores, que culminaram com um abaixo-assinado que levou à realização do referendo para a destituição da Comissão de Trabalhadores, começaram logo que se tornou claro que a empresa iria implementar o trabalho obrigatório aos sábados.

O coordenador Fernando Gonçalves acreditava que seria possível encontrar soluções alternativas em diálogo com a empresa, mas a administração da Autoeuropa considerou que não havia possibilidade de produzir o volume de carros necessário sem o trabalho obrigatório aos sábados, pelo que o novo horário entrou mesmo em vigor no passado mês de Fevereiro.

A definição dos horários de trabalho é uma prerrogativa legal da empresa, sendo que o parecer da CT tem, apenas, carácter consultivo.

A partir de agosto, além dos sábados os trabalhadores da Autoeuropa vão ter de trabalhar também ao domingo, uma vez que a empresa deverá implementar um novo regime de laboração contínua, com um total de 19 turnos por semana, incluindo sábados e domingos.

Apesar de tudo, alguns trabalhadores consideram que se trata de uma solução melhor, uma vez que, ao contrário do que acontece desde Fevereiro, vão passar a ter outra vez duas folgas consecutivas.