CP reduz oferta de comboios turísticos neste Verão

Comboio histórico do Douro ainda não tem horário, Miradouro fica-se pela Régua e terá este ano menos 44 quilómetros de percurso ao longo do rio que lhe dá o nome. E ainda não se sabe se haverá Vouguinha.

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E ao segundo ano o entusiasmo arrefeceu. Depois de um Verão de 2017 em que o êxito dos comboios turísticos surpreendeu a própria CP, em 2018 o cenário é mais pobre: o Vouguinha pode não se realizar, o Miradouro terá um percurso mais curto e menos interessante e só o comboio a vapor do Douro se realiza, mas a poucas semanas de Junho ainda não há calendarização.

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E ao segundo ano o entusiasmo arrefeceu. Depois de um Verão de 2017 em que o êxito dos comboios turísticos surpreendeu a própria CP, em 2018 o cenário é mais pobre: o Vouguinha pode não se realizar, o Miradouro terá um percurso mais curto e menos interessante e só o comboio a vapor do Douro se realiza, mas a poucas semanas de Junho ainda não há calendarização.

A CP diz que a greve do pessoal da sua empresa de manutenção (EMEF) “acentuou a falta de capacidade de resposta daquela empresa, nomeadamente na oficina de Contumil [Porto], responsável pela manutenção dos comboios históricos e sazonais, que se debate com insuficiência de capacidade ao nível da mão de obra disponível”. É por essa razão que não foi reparada a locomotiva do Vouguinha, o comboio histórico que se estreou no ano passado entre Aveiro e Macinhata do Vouga e que teve tanto sucesso que a sua taxa de ocupação foi de 100%.

A alternativa à máquina a diesel (agora avariada) que o reboca, seria uma locomotiva a vapor de via estreita que supostamente está em estado operacional nas oficinas de Sernada do Vouga (Águeda), mas como não tem sido utilizada, precisa também de uma revisão geral para a qual não há capacidade de resposta. E há um problema acrescido: o estigma dos incêndios cerceia quaisquer vontades de pôr a circular nos carris, numa zona de forte vegetação, uma máquina movida a carvão e a deitar faúlhas.

Apesar destes condicionalismos, “a CP procurará concretizar a realização do comboio de via estreita do Vouga”, disse ao PÚBLICO fonte oficial da empresa.

Já o Miradouro, um comboio com carruagens quase panorâmicas e janelas que se podem abrir, que permite contemplar a paisagem do Douro sem os condicionalismos das composições com ar condicionado, deixa este ano de ir ao Tua e fica-se pela Régua. O seu percurso fica assim reduzido em 44 quilómetros quando, para muitos, a expectativa era que este comboio fizesse este Verão a totalidade da linha e fosse até ao Pocinho, ao coração do Douro Património Mundial da UNESCO.

A CP diz que os seus clientes queixavam-se de chegar à estação do Tua e ali não haver nada para fazer durante as quatro horas em que o Miradouro ali ficava estacionado. No ano passado, diz a empresa, “realizaram-se 186 comboios Miradouro que transportaram 22.400 passageiros, com uma média de ocupação de 120 passageiros/comboio. Destes cerca de 75% chegavam à estação do Tua, mas apenas 30% regressavam no Miradouro”, optando os restantes por regressar noutros comboios regulares.

O comboio dos Presidentes da República

A consequência desta decisão é que o Miradouro terá muito pouco de Douro. Do Porto à Régua são 106 quilómetros, mas só durante os últimos 36 é que a linha acompanha o rio. De fora ficam mais 65 quilómetros de percurso até ao Pocinho com as paisagens mais espectaculares do vale do Douro.

Para 2018 só a oferta do comboios a vapor do Douro se mantém igual. A CP vai repetir o serviço deste comboio histórico entre Régua e Tua, mas ainda não disponibilizou informação sobre o mesmo.

No panorama da oferta ferroviária turística, The Presidential, um projecto privado em parceria com o Museu Nacional Ferroviário, mantém-se nos carris.

O comboio dos Presidentes da República já circulou no mês de Maio e regressa ao Douro em Outubro em viagens entre S. Bento e a Quinta do Vesúvio. Destinado a um segmento de mercado alto (as viagens custam 500 euros por pessoa) este produto ganhou no ano passado o galardão de Melhor Evento Público Mundial.

O PÚBLICO contactou a empresa Douro Azul para saber quando inicia a exploração do comboio turístico Tua Express entre Brunheda e Mirandela — o qual já tem horários e preços na Internet. A empresa informou em resposta por escrito que "ainda não há data prevista de inauguração".