Vozes contra marcha gay em Bragança marcam discussão na assembleia municipal

Bloco de Esquerda propôs voto de congratulação. A maioria dos deputados municipais absteve-se, 18 votaram a favor e um votou contra.

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Reuters/Bruno Domingos

A Assembleia Municipal de Bragança aprovou nesta sexta-feira um voto de congratulação pela organização da primeira marcha LGBT na cidade, marcada para 19 de Maio. Ainda assim, houve um voto contra e 43 abstenções, mas os 18 votos a favor chegaram para aprovar a proposta que partiu do Bloco de Esquerda.

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A Assembleia Municipal de Bragança aprovou nesta sexta-feira um voto de congratulação pela organização da primeira marcha LGBT na cidade, marcada para 19 de Maio. Ainda assim, houve um voto contra e 43 abstenções, mas os 18 votos a favor chegaram para aprovar a proposta que partiu do Bloco de Esquerda.

O eleito do PSD Fernando Gonçalves foi o único que votou contra. Considerou a iniciativa “lamentável”, argumentando que “pôr em evidência um fenómeno destes é destruir a liberdade e os valores” do 25 de Abril. Outro eleito do PSD, Eduardo Malhão, disse que “não foi muito feliz a ideia de realizar esta manifestação em Bragança” porque passa a imagem de que “é uma cidade conservadora”. Apesar de discordar da iniciativa, optou por abster-se na votação. O mesmo representante social-democrata quis ainda saber se a marcha “está autorizada pela câmara e pela polícia”, pergunta à qual respondeu a eleita da CDU, Fátima Bento, anotando que “as manifestações não carecem de autorização, apenas de serem comunicadas e a câmara assumir a segurança”.

A apresentação do voto de congratulação foi feita e defendida por Catarina Assis, do Bloco de Esquerda, que realçou que a marcha será organizada pelo núcleo de Bragança do movimento LGBT e que “vem na sequência das acções de sensibilização organizadas desde 1997 pelo direito à diferença e à não-discriminação”.

O movimento LGBT anunciou recentemente que vai organizar a 19 de Maio, em Bragança, a primeira marcha do orgulho gay naquele distrito transmontano, algo que é visto pelos organizadores como um primeiro passo para deixar de ter medo numa cidade conservadora.

Sara Canteiro, representante do movimento LGBT, espera que a iniciativa seja “aquele clique” que “é preciso para as pessoas começarem a falar mais sobre isto, a compreender mais e principalmente a não ter medo”. A organização conta com “100 a 150” participantes, a maioria esperada de outras zonas de Portugal e da vizinha Espanha, e “poucos de Bragança”, como admitiu à Lusa a mesma responsável que, “passo a passo”, espera “conseguir abrir mentalidades e trabalhar mais com a comunidade” local.