Das inundações ao amianto, escola de Valadares é porto inseguro para 850 alunos

Alunos e pais da EB 2-3 de Valadares manifestaram-se contra a falta de condições da escola e exigem que as obras prometidas há mais de dez anos comecem o mais rdepressa possível. A câmara garantiu que vai adjudicar a obra a dia 7 de Maio.

Foto
Nelson Garrido

A chuva entra e provoca inundações, as fendas abundam, as janelas deixaram de fechar, os alunos andam de mantas nos joelhos. A escola EB 2-3 de Valadares, em Vila Nova de Gaia, há muito que funciona em péssimas condições. A paciência esgota-se e, na manhã de ontem, pais e alunos concentraram-se à porta do estabelecimento para, juntos, dizerem: “Basta.” 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A chuva entra e provoca inundações, as fendas abundam, as janelas deixaram de fechar, os alunos andam de mantas nos joelhos. A escola EB 2-3 de Valadares, em Vila Nova de Gaia, há muito que funciona em péssimas condições. A paciência esgota-se e, na manhã de ontem, pais e alunos concentraram-se à porta do estabelecimento para, juntos, dizerem: “Basta.” 

Um protesto em que foram erguidos cartazes e se fizeram ouvir vozes contra as más condições do estabelecimento, exigindo o arranque das obras prometidas há mais de dez anos. A manifestação foi organizada por um grupo de pais que resolveu questionar as estruturas e as condições da escola, onde estudam 850 alunos. “Resolvemos dizer basta. Isto não pode continuar”, sublinha ao PÚBLICO Anabela Sampaio, uma das mães presentes.

“Nas salas de aula está muito frio, chove dentro das salas, há fendas na parede e as persianas não estão a funcionar. O pavilhão de Educação Física está em muito mau estado e nós somos dispensados das aulas. A escola em geral está em más condições.” As palavras são de Rita Castro, aluna do 6.º ano, mas poderiam ser de qualquer outro aluno. Por isso é que a opinião de Beatriz Viseu, aluna do 9.º ano, é a mesma. “Isto chegou a um ponto de degradação completa”, afirma. “Ficamos muitas vezes doentes. Escorregamos muitas vezes nos pavilhões. A escola já fechou várias vezes devido às inundações. Acho que não é um ambiente propício para aprendermos”, conclui a aluna. Além disso, como é ano de exames, está preocupada, porque não tem as condições necessárias para aprender e para estar concentrada.

Há chuva a cair nas salas, inundações, janelas que não fecham, persianas que não abrem. Mas as queixas não se ficam por aqui. Há alunos que têm de trazer toalhas para limpar as carteiras antes de começarem as aulas ou mantas para se aquecerem. Até há professores a trazer aquecedores. O pavilhão está coberto em amianto sem protecção. “Isto não faz sentido em pleno século XXI. Esta escola precisa de uma intervenção urgente”, vinca Anabela Sampaio. Para Bernardete Neves, outra das mães, “a escola está sem condições, as crianças estão em perigo”. “Trazemos as crianças da segurança para a insegurança. Queremos as obras, queremos uma data.”

A reabilitação da escola esteve esquecida durante mais de dez anos. As obras deveriam ter começado em 2017, mas até agora nada tinha sido feito. Apesar de ser da “inteira” responsabilidade do Ministério da Educação, a Câmara Municipal de Gaia decidiu dar o primeiro passo, “tendo estabelecido uma parceria com o ministério e lançado concurso público no valor de quase três milhões de euros para a realização da empreitada”, assegurou a autarquia. 

Contactada pelo PÚBLICO, a autarquia adiantou ainda, através de um esclarecimento enviado por escrito, que “afectou um milhão de euros de orçamento municipal para esta obra e irá adjudicá-la no próximo dia 7 de Maio”. No entanto, foi só através de um post no Facebook da câmara que os pais foram informados desta decisão e, garantem, só depois de o protesto já ter sido marcado. No mesmo esclarecimento sabe-se que o processo seguirá ainda para o Tribunal de Contas. “Não sendo possível fintar a lei, deve o processo seguir a tramitação da contratação pública, morosa, mas inevitável”, lê-se no comunicado.

Algum corpo docente assim como a Associação de Pais também estiveram presentes no protesto e disseram estar “solidários” com os envolvidos. “Há muitas burocracias, mas não vamos deixar de lutar para que as obras arranquem o mais rapidamente possível”, diz Ângelo Cardoso, presidente da associação. A manifestação foi, acima de tudo, um “alerta” e uma “chamada de atenção às entidades responsáveis”. Texto editado por Ana Fernandes