A arte da verdadeira ilusão

Como sempre em Margaret Atwood, nada é por acaso, ninguém é inocente e os objectivos são mais do que obscuros.

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Margaret Atwood dá a Shakespeare o que é de Shakespeare e a Atwood que é de Atwood MARK BLINCH/FILES/REUTERS

Um programa cultural de “arte terapêutica”, altamente louvado por instâncias superiores, está em curso na Penitenciária de Fletcher, não muito longe de Toronto. Um grupo de presos, na ala de segurança média, tem direito a participar num projecto dramatúrgico centrado nas peças de William Shakespeare. Desta vez, preparam-se afincadamente para representar A Tempestade, uma das últimas obras do autor e actor isabelino. O dinamizador e mentor desta iniciativa é um encenador caído em desgraça que encontrou refúgio nesse lugar, no intuito de continuar a dar largas à sua criatividade e ao seu desejo de ensinar. No entanto, e como a autora deste Semente de Bruxa é Margaret Atwood, a canadiana que explora constantemente temas como a reclusão imposta, a vingança e a manipulação — repare-se, por exemplo, em romances como O Diário de uma Serva, distopia em que as mulheres estão literalmente escravizadas e constrangidas pelo vestuário, símbolo da sua submissão, e Alias, Grace onde a explora a claustrofobia vitoriana — nada é por acaso, ninguém é inocente e os objectivos são mais do que obscuros.

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Um programa cultural de “arte terapêutica”, altamente louvado por instâncias superiores, está em curso na Penitenciária de Fletcher, não muito longe de Toronto. Um grupo de presos, na ala de segurança média, tem direito a participar num projecto dramatúrgico centrado nas peças de William Shakespeare. Desta vez, preparam-se afincadamente para representar A Tempestade, uma das últimas obras do autor e actor isabelino. O dinamizador e mentor desta iniciativa é um encenador caído em desgraça que encontrou refúgio nesse lugar, no intuito de continuar a dar largas à sua criatividade e ao seu desejo de ensinar. No entanto, e como a autora deste Semente de Bruxa é Margaret Atwood, a canadiana que explora constantemente temas como a reclusão imposta, a vingança e a manipulação — repare-se, por exemplo, em romances como O Diário de uma Serva, distopia em que as mulheres estão literalmente escravizadas e constrangidas pelo vestuário, símbolo da sua submissão, e Alias, Grace onde a explora a claustrofobia vitoriana — nada é por acaso, ninguém é inocente e os objectivos são mais do que obscuros.