Marco Ferreri: finalmente clássico na Festa do Cinema Italiano

O realizador de A Grande Farra, que morreu em 1997 e raramente é recordado no meio dos grandes cineastas italianos, vai ser homenageado na 11ª edição da Festa do Cinema Italiano, que decorre de 4 a 12 de Abril.

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Ferreri em Nova Iorque na rodagem de Adeus, Macho (1978) Caterine Milinaire/Sygma via Getty Images

Ainda não há certezas sobre os filmes concretos com que a Festa do Cinema Italiano, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, vai homenagear Marco Ferreri (1928-1997). É que, até agora, continuam a ser fechados pormenores em termos de direitos e da disponibilidade de cópias. Mas a ideia é que, de 4 a 12 de Abril, filmes deste cineasta, que começou a carreira em Espanha e assinou obras como A Grande FarraA Motoreta ou Dillinger Morreu, se faça justiça à sua obra.

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Ainda não há certezas sobre os filmes concretos com que a Festa do Cinema Italiano, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, vai homenagear Marco Ferreri (1928-1997). É que, até agora, continuam a ser fechados pormenores em termos de direitos e da disponibilidade de cópias. Mas a ideia é que, de 4 a 12 de Abril, filmes deste cineasta, que começou a carreira em Espanha e assinou obras como A Grande FarraA Motoreta ou Dillinger Morreu, se faça justiça à sua obra.

"Já explorámos, nos últimos anos, nomes importantes da comédia italiana, como Dino Risi ou Mario Monicelli. Agora, através do Ferreri, vamos explorar a degeneração e degradação daquela época, fechar este ciclo com ele", conta Stefano Savio, director e programador do festival, que relembra também que este ano se assinalam os 21 anos da morte de Ferreri, e que no ano passado houve vários eventos comemorativos em Itália que levaram a novos restauros dos filmes, com os quais será provável que esta retrospectiva conte.

A ideia é também, argumenta, "dar visibilidade a um autor que saiu um bocado do panorama dos grandes mestres do cinema italiano, um não-clássico, uma figura que quis sair de algumas estruturas estéticas e temáticas para fazer uma cinematografia sem estilo, quase de guerrilha, que era diferente e não lhe permitiu ser recordado e entrar". "Merecia reconhecimento maior", conclui o director, que adiciona que "talvez seja justo voltar a Marco Ferreri e recolocá-lo dentro de uma história do cinema italiano".

A Festa quer, esclarece, ver, passadas duas décadas da morte do autor, "se o seu cinema ainda é contemporâneo e se o tempo apagou um bocado as suas temáticas ou se ainda são actuais". Segundo o responsável, estas temáticas envolviam um combate contra o capitalismo, "uma visão da vida como uma questão de prazer, com a importância da comida e do sexo como posições fortes", e uma contestação de "qualquer tipo de ideologia". Lembra que Ferreri "não era católico, não era marxista, era anárquico". Também queremos perceber se o escândalo que filmes como A Grande Farra ou Dillinger Morreu causaram na época em que se estrearam se mantém hoje.