“Alentar” as memórias da família num livro bordado

Ana Seia de Matos bordou fotografias dos anos 60 e 70 da mãe, da avó, do pai e primos e fez um livro de desenhos com linha sobre os — cada vez mais raros — momentos de pausa em família

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Pode parecer estranho, quase uma inversão no tempo, mas foi Ana Seia de Matos quem bordou estas fotografias, das décadas de 60 e 70, dos álbuns da mãe. A família a molhar os pés à beira-mar, à conversa na toalha, a contemplar a paisagem, a brincar com os animais, e a avó, sentada numa cadeira, a bordar.

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Pode parecer estranho, quase uma inversão no tempo, mas foi Ana Seia de Matos quem bordou estas fotografias, das décadas de 60 e 70, dos álbuns da mãe. A família a molhar os pés à beira-mar, à conversa na toalha, a contemplar a paisagem, a brincar com os animais, e a avó, sentada numa cadeira, a bordar.

A artista de 36 anos, formada em design de interiores — profissão que entretanto deixou para trás, dedicando-se antes a instalações artísticas, exposições e cenografia — pegou na linha, na tesoura e na agulha, uma técnica que tem vindo a desenvolver, e coseu à mão os “momentos de fruição” e “lazer” da família, como se fizesse um desenho.

Ao livro de ilustração em bordados “sentidos”, que vai lançar este sábado, 27 de Janeiro, na Entre, Led e Design, em Viseu, chamou Alentar.

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Medíocre

Com ele queria mostrar pequenas maneiras “de demorar”, ganhar alento e “recuperar o fôlego e voltar a respirar profundamente”. “Estes momentos de descanso têm tudo a ver com o exercício de bordar, que tem de ter pausas e alturas de contemplação”, “muitas vezes em silêncio”, e que não se compadece com o “ritmo lá de fora”, justifica.

Alentar, sobre a família da artista mas que poderia ser sobre “a de qualquer um de nós”, conforme se lê na introdução do livro cosido à mão, é o primeiro de uma série de três (o próximo será sobre a perda e depois a contemplação). Este já está à venda na loja online da editora por cinco euros. Na primeira edição, foram disponibilizados 100 exemplares e o design gráfico ficou a cargo de Luís Belo, criador da Medíocre, uma editora independente em Viseu que nasceu em 2009 — e que aqui ganha o seu mais recento alento.