A “guardiã” dos registos dos Himalaias morreu sem nunca subir ao Evereste

Elizabeth Hawley, de 94 anos, era vista como um arquivo da história dos Himalaias. Chamavam-lhe Sherlock Holmes do montanhismo.

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A jornalista norte-americana Elizabeth Hawley, que durante 50 anos escreveu sobre as expedições nos Himalaias, morreu nesta sexta-feira num hospital privado do Nepal, aos 94 anos. Era conhecida como a “cronista dos Himalaias” pelo seu trabalho meticuloso na recolha de dados e informação sobre expedições e alpinistas, sendo vista como indispensável para validar subidas. Vivia no Nepal desde 1960 mas, apesar do seu fascínio pelas regiões montanhosas, nunca subiu ao topo do Evereste.

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A jornalista norte-americana Elizabeth Hawley, que durante 50 anos escreveu sobre as expedições nos Himalaias, morreu nesta sexta-feira num hospital privado do Nepal, aos 94 anos. Era conhecida como a “cronista dos Himalaias” pelo seu trabalho meticuloso na recolha de dados e informação sobre expedições e alpinistas, sendo vista como indispensável para validar subidas. Vivia no Nepal desde 1960 mas, apesar do seu fascínio pelas regiões montanhosas, nunca subiu ao topo do Evereste.

“Ela era uma lenda na comunidade do montanhismo e é uma grande perda para todos nós”, disse Ang Tshering, antigo presidente da Associação de Montanhismo do Nepal, citado pela Associated Press. “Agora a nossa ambição é continuar o seu trabalho em sua honra”, acrescentou.

A jornalista nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1923. Mudou-se para Katmandu, no Nepal, em 1960, tendo começado a registar todas as expedições daqueles que se aventuraram pelas mais altas montanhas do planeta — questionando-os e recolhendo informação. A palavra dela servia como confirmação quando alguém reclamava ter pisado cumes onde não chegara a estar.

Hawley, que escreveu para a Reuters sobre assuntos de alpinismo, morreu na sequência de uma pneumonia, disse o médico Prathiva Pandey, do hospital nepalês CIWEC, onde a cronista estava internada.

Num artigo do PÚBLICO de 1999, Hawley era descrita como uma “espécie de arquivo vivo da história do Evereste”, que registava minuciosamente os dados de cada expedição, comparando proezas, coligindo números e recolhendo depoimentos.

Em 2010, também no PÚBLICO, Hawley era descrita como “uma anciã baixinha de óculos e cabelos grisalhos”, “guardiã” dos registos dos Himalaias, que deram origem a uma base de dados da sua organização, a Himalayan Database — e os entusiastas de alpinismo temem agora que a base de dados fique desactualizada ou deixe de existir. 

Edmund Hillary, um dos primeiros homens a chegarem ao topo do Evereste, chamou-lhe a “Sherlock Holmes do mundo do montanhismo”, uma das alcunhas pelas quais ficou conhecida, lembra a BBC.

Ainda que nunca tenha atingido o cume dos Himalaias, o seu nome ficará eternizado numa montanha com mais de seis mil metros de altura, na zona noroeste do Nepal, junto à fronteira com o Tibete, que foi baptizada em 2014 de Pico Hawley, em sua homenagem.