Ensino profissional, uma escolha válida

É importante apostar na diversidade de escolha de trajectos académicos e profissionais, em nome do equilíbrio de um mercado de trabalho onde a procura tente equilibrar a oferta e, sobretudo, acompanhe as tendências presentes e futuras

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Nelson Garrido

Muitas novas temáticas como startups, transformação digital, indústria 4.0 e disrupção total têm surgido na esfera do conhecimento, das quais acabamos inevitavelmente por ouvir falar. Para os jovens que acabam o ensino no liceu, estes novos termos traduzem-se numa autêntica explosão de novas profissões e alternativas às licenciaturas ditas “tradicionais”. Passou a ser possível, e mesmo mais frequente, optar por um percurso académico alternativo igualmente gratificante.

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Muitas novas temáticas como startups, transformação digital, indústria 4.0 e disrupção total têm surgido na esfera do conhecimento, das quais acabamos inevitavelmente por ouvir falar. Para os jovens que acabam o ensino no liceu, estes novos termos traduzem-se numa autêntica explosão de novas profissões e alternativas às licenciaturas ditas “tradicionais”. Passou a ser possível, e mesmo mais frequente, optar por um percurso académico alternativo igualmente gratificante.

Foi nesse sentido que a Comissão Europeia realizou no final de 2017 a segunda semana da Formação Profissional, na senda do sucesso da primeira iniciativa. Foram mais de 1 500 eventos ao nível europeu e 30 em Portugal, em todas as capitais de distrito, alcançando um total estimado de mais de um milhão de pessoas.

O evento pretende contrariar um certo status quo instalado, nomeadamente a percepção de que é possível adquirir uma formação profissional que pode levar a uma vida profissional de sucesso assente em três alicerces. Em primeiro lugar, a educação académica na sua forma mais geral — a licenciatura — não é a escolha adequada para todos os candidatos. Muitos jovens têm interesse e talento para outras formas de ensino, e mais tarde para profissões, mais práticas. Em segundo lugar, o espectro de oportunidades é muito alargado, variando da elevada competência técnica até profissões mais criativas. São escolhas que não abraçam a ideia ultrapassada de que os trabalhos vocacionais são mais manuais e de baixas qualificações. Em terceiro lugar, as oportunidades para a geração Z ou Millennial para um começo de vida e de profissão independentes são enormes, junto com o alto nível de empregabilidade.

É neste contexto que se enquadra a estratégia Europa 2020. Assente no crescimento e no emprego, coloca a tónica no crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Numa altura em que já estamos a colher os resultados desta estratégia, um dos objectivos nacionais da agenda Europa 2020 passa por reduzir para menos de 10% a taxa de abandono escolar e aumentar para, pelo menos, 40% a percentagem de pessoas entre os 30 e os 34 anos que concluíram estudos superiores. É uma meta ambiciosa mas, acredito, possível. Portugal está a registar progressos na melhoria dos resultados escolares, reduzindo o abandono escolar precoce, e os valores do ensino superior encontram-se igualmente a melhorar.

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Sofia Alves é chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal

Mas é no percurso escolhido que a formação profissional mais se destaca. Um estudo dos serviços da Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência aponta os diferentes percursos de vida dos alunos, tendo em conta a escolha feita no final do nono ano de escolaridade: enquanto que a maioria dos alunos dos cursos científico-humanísticos continuou a estudar depois do secundário, a maioria dos alunos dos cursos profissionais estava a trabalhar. A realização deste estudo mostra o reconhecimento pelos jovens na importância de investir na educação, de forma a permitir que estes últimos, acompanhados pelos adultos, se possam qualificar e adquirir conhecimentos e competências para fazerem face às transformações da nossa economia e da nossa sociedade. Mas é igualmente importante apostar na diversidade de escolha de trajectos académicos e profissionais, numa sociedade em permanente mutação, onde as escolhas (ainda) vistas como “alternativas” ombreiem com as “tradicionais”, em nome do equilíbrio de um mercado de trabalho onde a procura tente equilibrar a oferta e, sobretudo, acompanhe as tendências presentes e futuras.