Trump tenta recentrar debate na política e lançar batalhas para 2018

Reunido em Camp David com os principais dirigentes do seu partido, o Presidente dos EUA deverá tentar fazer esquecer as polémicas dos últimos dias com anúncios sobre as prioridades políticas do novo ano.

Foto
Donald Trump a caminho de Camp David Kevin Lamarque/Reuters

Depois de uma primeira semana do ano catastrófica, marcada pelo lançamento do livro que o retrata como “uma criança com uma necessidade de satisfação imediata”, Donald Trump chegou ao sossego de Camp David para uma cimeira com os principais dirigentes republicanos do Congresso. Na agenda estão as prioridades de 2018 e a necessidade de encerrar negociações de orçamento até 19 de Janeiro, para evitar a paralisação do Governo (shutdown), assim como o desafio que as eleições intercalares de Novembro representam para o partido do Presidente.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois de uma primeira semana do ano catastrófica, marcada pelo lançamento do livro que o retrata como “uma criança com uma necessidade de satisfação imediata”, Donald Trump chegou ao sossego de Camp David para uma cimeira com os principais dirigentes republicanos do Congresso. Na agenda estão as prioridades de 2018 e a necessidade de encerrar negociações de orçamento até 19 de Janeiro, para evitar a paralisação do Governo (shutdown), assim como o desafio que as eleições intercalares de Novembro representam para o partido do Presidente.

Para complicar as discussões – cada dirigente tem a sua agenda e reforma em que quer apostar nas batalhas que terão de ser travadas com os democratas –, Trump acaba de pedir ao Congresso 15 mil milhões de euros para financiar o seu muro com o México, dinheiro para erguer 500 km novos de muro e reforçar 650 km onde já existem barreiras.

Este pedido arrisca-se a bloquear qualquer acordo com os democratas, nomeadamente aquele que o Presidente quer ver assinado em Março e que decidirá o destino de 700 mil pessoas que chegaram aos Estados Unidos quando eram menores e para os quais Barack Obama criou um programa especial (DACA). Em Setembro, Trump decidiu liquidar o programa destinado a proteger os chamados dreamers, mas face às críticas e consciente da polémica que a deportação destes jovens abriria até entre o seu eleitorado, adiou por seis meses o fim do DACA até que o Congresso encontrasse uma saída.

O Partido Democrata insiste que tem margem para exigir um acordo de orçamento que aumente os gastos com os fundos para os desastres naturais (a ideia é atingir a “paridade” entre os programas de defesa e os domésticos), inclua um pacote de serviços de saúde e um compromisso para transformar o DACA em lei. Os republicanos querem debater o futuro dos dreamers independentemente do orçamento; os democratas, em minoria, opõem-se, já que querem aproveitar a necessidade de 60 votos (há 51 republicanos no Senado) para fazer passar o pacote de financiamento e assim obter esta concessão.

Para além do tema muro/dreamers, o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, quer diminuir de forma significativa os programas de subsídios, como os que existem para habitação ou alimentos (food stamps), um objectivo que conta com o apoio do Presidente mas coloca dúvidas aos senadores republicanos, seguros da impossibilidade de convencer nove democratas a votar estas medidas. Uma prioridade alternativa é o plano de infra-estruturas de que Trump tanto fala, com potencial para um apoio bipartidário em ano eleitoral.

“Pretendemos ser razoáveis, mas não estamos dispostos a abandonar as nossas prioridades só porque os nossos amigos republicanos não querem abandonar as deles”, comentou o líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer. A caminho de Camp David, o líder da maioria na mesma Câmara, Mitch McConnell, afirmou-se “optimista”. “Ninguém, de nenhum dos lados, quer paralisar o Governo, acredito que vamos encontrar uma resolução para muitos dos assuntos que nos ocupam”.

Depois de debaterem as prioridades políticas, os republicanos em Camp David deverão debruçar-se sobre o mapa das eleições intercalares que vão servir para eleger todos os 435 lugares da Câmara dos Representantes e 33 no Senado.

Os dirigentes começam a temer uma tragédia, depois do anúncio de vários republicanos que não pretendem recandidatar-se (e da derrota em Dezembro no conservador estado do Alabama), entre senadores e membros da Câmara. A maioria republicana aqui é apenas de 24 lugares e, como lembrou na Fox News o líder da maioria na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, em média, um presidente no primeiro mandato perde 25 lugares nas eleições seguintes à tomada de posse. Tratando-se do polémico Trump, com mais opositores internos do que o habitual, teme-se o pior.