Jornalistas lançam “campanha negra” contra a detenção de repórteres da Reuters

Dois jornalistas foram detidos na terça-feira acusados de violar lei sobre assuntos secretos.

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Um grupo de jornalistas da Birmânia disse neste sábado que iria usar t-shirts negras para protestar contra a detenção de dois jornalistas da Reuters, acusados de violar uma lei sobre a protecção de assuntos secretos do país.

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Um grupo de jornalistas da Birmânia disse neste sábado que iria usar t-shirts negras para protestar contra a detenção de dois jornalistas da Reuters, acusados de violar uma lei sobre a protecção de assuntos secretos do país.

O Comité de Protecção dos Jornalistas Birmaneses, um grupo local de repórteres que já fizeram manifestações contra outras perseguições de jornalistas, criticaram as “detenções injustas que afectam a liberdade do país”.

Num comunicado no Facebook, o comité disse que os seus membros iriam vestir t-shirts pretas “para exprimir a idade das trevas da liberdade de expressão da comunicação social” na Birmânia. O grupo exigiu a libertação imediata e incondicional dos dois jornalistas: Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27. “Os jornalistas de todo o país são instados a participar na Campanha Negra”, disse o grupo, que planeia ainda fazer protestos e orações oficiais.

“Um jornalista tem de ter o direito de se informar e de escrever notícias de uma forma ética”, disse o jornalista A Hla Lay Thu Zar, um dos 21 membros que fazem parte do comité-executivo do grupo, formado em Junho último após a detenção de outro jornalista.

Myo Nyunt, um dos responsáveis do Ministério da Informação, disse à Reuters que o caso não tinha nada que ver com a liberdade de expressão da comunicação social. “Está relacionado com a lei sobre a informação secreta”, disse. “Os jornalistas devem ser capazes de diferenciar o que é informação secreta do que não é… Nós já temos uma comunicação social livre. Há liberdade para escrever e falar… Há liberdade na comunicação social se as leis forem seguidas.”

Sobre a campanha negra, o responsável disse que “todos podem expressar o que sentem”.

Os dois jornalistas foram detidos na terça-feira à tarde depois de serem convidados a jantar com responsáveis da polícia nos arredores de Yangon, a maior cidade da Birmânia. Os jornalistas noticiaram a crise dos 650.000 rohingyas que fugiram dos ataques do Exército no estado Ocidental de Rakhine.

O Ministro da Informação disse que os jornalistas tinham “adquirido informação de forma ilegal com a intenção de partilharem essa informação com a comunicação social estrangeira”, e divulgou uma foto do par algemado. A lei de protecção de assuntos secretos do país, datada de 1923, pode acarretar uma pena máxima de prisão de 14 anos.

Rex Tillerson, secretário de Estado dos Estados Unidos, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, e responsáveis dos governos do Canadá, do Reino Unido, da Suécia e do Bangladesh já pediram a libertação dos dois jornalistas.