Gabby Douglas é mais uma atleta que diz ter sido vítima do médico da equipa olímpica dos EUA

O médico da equipa olímpica norte-americana de ginástica foi acusado de ter abusado sexualmente de dezenas de raparigas.

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Numa longa declaração partilhada nas redes socias, a ginasta Gabby Douglas diz ter sido agredida sexualmente pelo médico da equipa olímpica norte-americana de ginástica, Larry Nassar – que foi acusado por mais de uma centena de mulheres e condenado, no ano passado, pela posse de pornografia infantil.

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Numa longa declaração partilhada nas redes socias, a ginasta Gabby Douglas diz ter sido agredida sexualmente pelo médico da equipa olímpica norte-americana de ginástica, Larry Nassar – que foi acusado por mais de uma centena de mulheres e condenado, no ano passado, pela posse de pornografia infantil.

Na sexta-feira, Douglas – medalhista de ouro em all-around, nos Jogos Olímpicos de Londres (2012) – publicou um tweet (entretanto apagado) em resposta às alegações da colega de equipa Aly Raisman, que tinha partilhado a sua experiência de abuso sexual, pelo mesmo médico. No tweet Douglas defendia: "é nossa responsabilidade, como mulheres, vestirmo-nos de forma modesta e sermos elegantes. Vestir de forma provocadora/sexual atrai a multidão errada."

Depois de ter sido alvo de uma enxurrada de críticas, durante o fim-de-semana, por culpabilizar as vítimas de assédio sexual em vez dos agressores, a atleta olímpica publicou uma segunda declaração com um pedido de desculpas, em que revela também ter sido vítima de Larry Nassar. A própria Simone Biles – actual campeã olímpica de all-around de ginástica –, sentiu-se impelida a intervir, escrevendo no Twitter que "esperava mais" de Gabby Douglas e reiterando o seu apoio à colega Aly Raisman.

Pedindo várias vezes desculpa pela forma como se expressou, Gabby quis explicar o seu ponto de vista. "Não vi os meus comentários como forma de envergonhar vítimas porque eu sei que, independentemente daquilo que vestirmos, isso nunca dá a ninguém o direito de assediar ou abusar de nós", escreveu.

"Não partilhei publicamente as minhas experiências, bem como muitas outras coisas, porque durante anos fomos condicionadas a ficar em silêncio e sinceramente algumas coisas eram extremamente dolorosas", desabafou.

Douglas fez questão de sublinhar que não defende qualquer forma de culpabilização ou de humilhação das vítimas, declarando o seu apoio "com todo o coração" às colegas de equipa que também falaram sobre aquilo que lhes aconteceu.

Além de Aly Raisman, também a ex-atleta McKayla Maroney se pronunciou acerca dos abusos sexuais pelo médico, com o hashtag #metoo, no seguimento do escândalo de Harvey Weinstein. O problema do abuso sexual dentro da modalidade vai para além de Larry Nassar e já levou à demissão do presidente da federação de ginástica dos Estados Unidos, Steve Penny, em Março – decisão aplaudida pelo comité olímpico.

Um total de 368 antigas ginastas, muitas das quais com menos de 13 anos no momento dos factos, afirmaram ter sido vítimas de agressão sexual por médicos e treinadores, ao longo dos últimos 20 anos, nomeadamente aquando de estágios.