Dois milhões para promover a Peneda-Gerês e o Xurés como um só território

O Projecto Europeu de Dinamização da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés visa promover os territórios de Portugal e de Espanha em conjunto para atrair mais turismo à região e, com isso, incentivar a criação e a valorização de empresas que sustentem a população aí residente.

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Hugo Santos

Os carvalhais e os urzais, os lobos e as cabras montesas e as estruturas megalíticas ocupam o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG)  e o Parque Natural Baixa Limia – Serra do Xurés, mas os 260 mil hectares que se estendem por Portugal e Espanha formam apenas uma Reserva Mundial da Biosfera, classificada como tal pela UNESCO, em 2009. Com o Projecto Europeu de Dinamização da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés, apresentado nesta sexta-feira na cidade galega de Vilamarín (província de Ourense), os municípios a cargo dos parques e outras instituições envolvidas no projecto pretendem reforçar a identidade da reserva, com a promoção da mesma para fins turísticos e a valorização da economia local.

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Os carvalhais e os urzais, os lobos e as cabras montesas e as estruturas megalíticas ocupam o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG)  e o Parque Natural Baixa Limia – Serra do Xurés, mas os 260 mil hectares que se estendem por Portugal e Espanha formam apenas uma Reserva Mundial da Biosfera, classificada como tal pela UNESCO, em 2009. Com o Projecto Europeu de Dinamização da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés, apresentado nesta sexta-feira na cidade galega de Vilamarín (província de Ourense), os municípios a cargo dos parques e outras instituições envolvidas no projecto pretendem reforçar a identidade da reserva, com a promoção da mesma para fins turísticos e a valorização da economia local.

“A ideia é, por um lado, preservar e conservar aquele património cultural e natural, mas, por outro, é promover o desenvolvimento socio-económico, com um turismo que se pretende sustentável, mas que garanta a manutenção de pessoas na região”, resumiu ao PÚBLICO Ester Gomes da Silva, vice-presidente da CCDR do Norte, uma das instituições lusas que integra o projecto, a par da Adere Peneda-Gerês e do Turismo do Porto e Norte de Portugal, e que é a habitual interlocutora da Xunta de Galicia em projectos comuns às duas regiões.

Com implementação prevista até 31 de dezembro de 2019 e financiamento oriundo do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal, a iniciativa prevê a atribuição de 900 mil euros à zona portuguesa da Reserva e os restantes 1,1 milhões à zona espanhola, visando não só promover a reserva aos visitantes, mas também aos habitantes e às escolas de ambos os lados da fronteira, reiterou Sónia Almeida, administradora delegada da Adere Peneda-Gerês, que apresentou o projecto na Galiza.

Junto dos turistas, lê-se na apresentação a que o PÚBLICO teve acesso, o projecto vai desenvolver acções como a actualização de conteúdos nas Portas do Parque do Baixa Limia e a elaboração de um “calendário único de actividades desportivas e culturais” para a reserva, que podem eventualmente incluir geocaching e “visitas teatralizadas” ao Couto Misto, microestado independente até 1868, perto de Tourém (Montalegre), no limite do PNPG. Prevê-se também a “melhoria de algumas das rotas transfronteiriças”, disse Sónia Almeida, e a valorização do megalitismo nas Serras do Xurés e no Planalto de Castro Laboreiro.

Entre as medidas para sensibilizar os cerca de 70.000 habitantes dos cinco municípios da Peneda-Gerês – Melgaço, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Terras de Bouro e Montalegre – e os cerca de 10.000 do parque da Serra do Xurés para o património da zona, contam-se o levantamento do património etnográfico do território, com recurso a “entrevistas à população local para fazer a história da Reserva da Biosfera”, acções de formação, que incluem a “organização de uma jornada sobre o património cultural material e imaterial”, avançou a administradora da ADERE-PG.

A população, considerou Sónia Almeida, ainda “não se revê na ideia da Reserva da Biosfera”, por não ser ainda “devidamente promovida”, considera a técnica. A iniciativa, por isso, servirá igualmente para mostrar que há vantagens em viver naquele território e que é possível as actividades económicas serem mais promovidas e atraírem visitantes, mantendo o “respeito pela conservação da natureza e da biodiversidade”.

O trabalho com os residentes estende-se, aliás, à oferta de cursos sobre aproveitamento económico dos recursos da Reserva e à implementação de uma marca com um registo de origem naquele território. A responsável da AGERE-PG acredita, aliás, que os esforços junto dos habitantes podem originar novas empresas na animação turística, na gastronomia, no artesanato e no sector agro-alimentar.

 

Projecto vai apostar nas plataformas digitais

As novas empresas, nomeadamente as de animação turística, podem, além da fixação de gente, contribuir para a “fiscalização do que acontece dentro do Parque Nacional”, evitando possíveis comportamentos destrutivos dos visitantes, referiu ao PÚBLICO o vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre, David Teixeira, também presente em Vilamarín.

Para o autarca, o Parque Nacional da Peneda-Gerês e o Parque do Xurês são um só, algo que já visível pela facilidade em circular entre os dois lados da fronteira, mas não na promoção. O caminho para melhor promover as travessias e uma experiência mais “atractiva para o turista, é, a seu ver, a aposta em suportes digitais de informação. “O esforço de criar plataformas digitais é a grande preocupação de quem quer afirmar um território de valor ecológico acrescentado”, frisou. O projecto contempla a implementação de pontos de informação virtual em cada uma das portas da Reserva da Biosfera, e a criação de uma página web para a sua promoção.