Há nove candidatos para explorar um hotel em Santa Apolónia

A IP, empresa estatal que gere o espaço ferroviário, quer um hotel de quatro ou mais estrelas, com pelo menos 120 quartos.

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Existem nove empresas com vontade de explorar um hotel dentro da estação ferroviária de Santa Apolónia, em Lisboa. Este foi o número de candidaturas apresentadas até ontem, quarta-feira, dia em que acabou o prazo para a demonstração de interesse no negócio junto da Infra-estruturas de Portugal (IP), a empresa estatal responsável pelo edifício.

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Existem nove empresas com vontade de explorar um hotel dentro da estação ferroviária de Santa Apolónia, em Lisboa. Este foi o número de candidaturas apresentadas até ontem, quarta-feira, dia em que acabou o prazo para a demonstração de interesse no negócio junto da Infra-estruturas de Portugal (IP), a empresa estatal responsável pelo edifício.

De acordo com as informações da IP, os candidatos são o grupo Sonae (através da Sonae Capital e The House Ribeira Hotel), Grupo Pestana, Visabeira, Barceló, Hoti-Star, SGEHR (ligado ao grupo NAU), Turilima e Servinoga (ligados ao grupo Axis), Empreendimentos Hoteleiros Quinta do Ferro (ligados ao grupo VIP) e a empresa Excover.

A IP (que uniu a Refer e a Estradas de Portugal), através da sua subsidiária IP património, quer escolher uma destas entidades para a instalação e exploração de um hotel de quatro ou mais estrelas, e um mínimo de 120 quartos (abrange grande parte da fachada que dá para o rio Tejo), por um prazo de 35 anos

A empresa que fica com o “direito concessório parcial” do edifício da estação ferroviária (inaugurada em 1865, nove anos após a primeira viagem de comboio em Portugal, de acordo com uma nota da IP), terá também de realizar “determinadas obras de renovação daquela estação”.

De acordo com a IP, as candidaturas agora apresentadas serão analisadas pelo júri e, eventualmente, pode haver uma ou mais exclusões “caso não cumpram os requisitos exigidos”.

Entre outros aspectos, a empresa estatal exige que os candidatos tenham, por exemplo, uma experiência de mais de dez anos no sector da hotelaria, uma dimensão superior a mil quartos de hotel em exploração, um volume de negócios superior a vinte milhões de euros (tendo como base o último ano) e que tenha registado um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) positivo nos últimos três últimos exercícios.

Terminada esta primeira fase de selecção dos interessados, haverá depois de acordo com a IP, um procedimento autónomo até ao final do ano para a “apresentação de propostas pelos candidatos qualificados e a adjudicação do contrato”.

PCP quer explicações

Quem não gosta desta iniciativa é o PCP, que já pediu explicações ao Governo através do seu grupo parlamentar. Na pergunta enviada ao ministro do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, o deputado Bruno Dias quer saber se o Governo “deu cobertura” à iniciativa da IP e, caso a resposta seja positiva, como justifica o que classifica de “transferência de património público para o sector privado sem quaisquer vantagens para o país”.

Do ponto de vista do PCP, “em Lisboa sobram hotéis, mas começa a ser cada vez mais confrangedora a falta de resposta dos serviços públicos às necessidades dos utentes”.

Sublinhando que o anúncio para a apresentação de candidaturas foi “publicado poucos dias depois das eleições autárquicas seguramente para evitar constrangimentos eleitorais a quem tal autorizou”, o deputado fala de uma “monocultura do turismo” e afirma que este é “mais um passo para um futuro encerramento da estação de Santa Apolónia, projecto antigo de vastos sectores da especulação imobiliária”.

Além disso, o PCP, que combateu a união da Refer com a Estradas de Portugal, diz que a entrega de parte da estação para a instalação de um hotel em regime de concessão “viria criar ainda mais dificuldades à reversão da fusão” entre as duas empresas públicas.