Abram alas para as gôndolas: os navios vão ser proibidos de circular no Grande Canal

Um comité do governo italiano, envolvido na “salvação de Veneza”, decidiu que navios com 100.000 toneladas ou mais não poderão passar pelo Grande Canal.

Foto
Stefano Rellandini/Reuters

Os maiores navios que cruzam Veneza vão ser proibidos de circular pelo Grande Canal. A cidade, após decisão de um comité do governo italiano, vai banir todos os navios com 100.000 toneladas ou mais, que terão de utilizar outra rota para chegar ao porto de Marghera. Agora, os famosos canais dão mais espaço às gôndolas e táxis aquáticos venezianos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os maiores navios que cruzam Veneza vão ser proibidos de circular pelo Grande Canal. A cidade, após decisão de um comité do governo italiano, vai banir todos os navios com 100.000 toneladas ou mais, que terão de utilizar outra rota para chegar ao porto de Marghera. Agora, os famosos canais dão mais espaço às gôndolas e táxis aquáticos venezianos.

A reivindicação desta medida não é nova. Grupos ambientalistas e muitos residentes têm protestado contra os grandes navios que passam pela cidade, acusando-os de fragilizar as fundações de Veneza. Em Junho, num referendo não-oficial, 99% dos 18.000 votantes apoiou esta proibição que, no fundo, é um regresso ao passado. Já em 2013 a cidade italiana baniu os navios com mais de 96.000 toneladas de navegarem no canal de Giudecca e limitou a circulação de navios mais pequenos a cinco por dia. Contudo, dois anos depois, a legislação foi revertida.

Luigi Brugnaro, autarca da cidade italiana, garantiu que esta medida responde ao medo que os cidadãos e o sector turístico revelam com o futuro de Veneza. “Queremos que seja claro, para a UNESCO e para todo o mundo, que temos uma solução”, disse, acrescentando que a indústria dos cruzeiros tem de ser tida em conta, por todos os postos de trabalho criados.

Mas a solução peca por escassa, de acordo com os activistas que se têm insurgido contra o excesso de turistas, poluição e contra os grandes barcos que cruzam os canais venezianos. Tommaso Cacciari, um dos organizadores do referendo de Junho e membro do grupo de protesto No Grandi Navi (Não aos Grandes Navios), afirmou ao The Guardian que a declaração do presidente “não significa nada”. “Não encontraram nenhuma solução, não há plano – basicamente, não muda nada. Dizem que os navios maiores vão para Marghera – mas onde é que os vão meter?”, questiona o activista, colocando a poluição como outro ponto da sua lista de preocupações.

A poluição, as fundações e edifícios da cidade, bem como os turistas, têm originado protestos, marchas contra a desregulação do turismo e até avisos da UNESCO, preocupada com as condições da cidade.

Texto editado por Sandra Silva Costa