Palavras, expressões e algumas irritações: violência

Em Nova Iorque (Manhattan), em Coimbra (Solum) e em Lisboa (Urban Beach), por motivos diferentes e todos deploráveis, a “desumanidade” saiu à rua.

Substantivo feminino que significa “qualidade de violento” e “facto de obrigar alguém pela força ou pela intimidação a praticar actos que de outro modo não praticaria”.

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Substantivo feminino que significa “qualidade de violento” e “facto de obrigar alguém pela força ou pela intimidação a praticar actos que de outro modo não praticaria”.

Não é uma palavra (nem uma prática) nova, mas nesta semana fomos obrigados a pensar nela mais do que uma vez, pois assistiu-se por aí a muita “brutalidade” e “fúria”.

Em Nova Iorque (Manhattan), em Coimbra (Solum) e em Lisboa (Urban Beach), por motivos diferentes e todos deploráveis, a “desumanidade” saiu à rua. Por terrorismo, ajuste de contas ou racismo.

Mas a “crueldade” ficou em casa também, como nos foi recordado pelo processo de violência doméstica da mulher agredida pelos ex-namorados no Porto e pelo caso que envolve o ex-ministro Manuel Maria Carrilho e a apresentadora de televisão Bárbara Guimarães. E nem vamos falar das penas (não) atribuídas.

Não é a primeira vez que escrevemos sobre “violência”. Em Maio de 2015, o que nos mobilizou foi um rapaz esbofeteado por colegas de escola, um homem agredido por polícia em frente aos filhos depois de um jogo de futebol, um jovem de 17 anos que matou outro de 14 e ainda a “desumanidade” de migrantes à deriva ao largo da Indonésia. De cada vez que os barcos tentavam aproximar-se de terra, eram rebocados de novo para alto-mar. O  mundo não melhorou.

“Acto desumano”, diz o dicionário. E bem. Também se refere a “acto de violentar”. Aqui, podemos derivar para outro tema da actualidade: assédio sexual. A julgar pelas recentes denúncias, bastante vulgar nalgumas profissões.

Mas é preciso ser-se cauteloso e nada ingénuo. Não confundir as vítimas verdadeiras e sofridas com as estrategas de insinuação e sedução. Já todos assistimos a promoções completamente alheias à competência profissional. Não é, meninas (e meninos)?

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações bem como A Semana Ilustrada, nesta edição da autoria de João Catarino, encontram-se publicadas no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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