Benjamin Clementine, um “extraterrestre” a olhar para a sua Europa

O músico inglês mostrou o seu novo álbum à imprensa em Paredes de Coura, antes do concerto que dará este sábado, na última noite do festival. I Tell a Fly é um disco sobre migrantes e fronteiras. Foi muito “fácil de fazer, porque sabia o que queria dizer”, afirmou.

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Benjamin Clementine num concerto em Lisboa, em 2015 evr Enric Vives-Rubio

Ao início da tarde de sábado, estava em palco a fazer o teste de som para o concerto da última noite de Paredes de Coura, o mais aguardado do último dia de festival e o grande responsável pelos bilhetes esgotados. A imprensa reunida no recinto ouviu, mas não viu Benjamin Clementine, que preparou o concerto sentado ao piano, mas escondido por uma grande folha dourada. Vimo-lo mais tarde, no auditório do Centro Cultural de Paredes de Coura, onde foi organizada uma audição do novo álbum do músico inglês, I Tell a Fly, com edição marcada para 15 de Setembro.

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Ao início da tarde de sábado, estava em palco a fazer o teste de som para o concerto da última noite de Paredes de Coura, o mais aguardado do último dia de festival e o grande responsável pelos bilhetes esgotados. A imprensa reunida no recinto ouviu, mas não viu Benjamin Clementine, que preparou o concerto sentado ao piano, mas escondido por uma grande folha dourada. Vimo-lo mais tarde, no auditório do Centro Cultural de Paredes de Coura, onde foi organizada uma audição do novo álbum do músico inglês, I Tell a Fly, com edição marcada para 15 de Setembro.

O disco começou a nascer no momento em que, à chegada a Nova Iorque, Clementine repara que, no visto passado pelas autoridades americanas, surge a sua classificação como “alien” (“extraterrestre”). “Escrevi-o como um extraterrestre, brincando com o facto de ter sido assim chamado pelos americanos", disse. I Tell a Fly é, na verdade, um álbum sobre a Europa. É um álbum narrativo sobre migrações e fronteiras, sobre a forma como todos somos estrangeiros, bárbaros, ao olhar de alguém.

Marcado pelo uso do cravo – Benjamin Clementine comprou um e fez do instrumento ícone do barroco o centro do álbum, por representar, em som e antiguidade, o imaginário da Europa que canta -, marcado também pelos coros que amplificam ideias chave nas canções e por uma sobreposição de várias camadas musicais e históricas (o barroco de Bach, o romantismo de Debussy, a soul de Nina Simone, a dramatização de Tom Waits), I Tell a Fly, disse à imprensa, não foi um álbum difícil de criar.

Afirmou-o quando uma pergunta incidiu sobre a eterna questão pop do “difícil segundo álbum”. “Este foi muito fácil, porque sabia o que queria dizer”, declarou no auditório, onde se apresentou descontraído e falador, sem sinais da timidez que era marca da sua personalidade quando se revelou enquanto músico. “O terceiro é que será difícil, porque já não tenho nada a dizer”, acrescentou com um sorriso. I Tell a Fly, resumiu pouco depois, é ele “a tentar escrever sobre o nosso tempo, desejando não soar idiota”.

Benjamin Clementine subirá ao palco principal de Paredes de Coura às 21h20, depois de ali actuarem os Foxygen e de Alex Cameron se mostrar no Vodafone.FM. No concerto, haverá espaço para revelar algumas das novas canções e, claro, várias visitas ao álbum de estreia, At Least For Now.

Será o primeiro Paredes de Coura de Clementine. Não será a estreia em palcos portugueses. O músico de Cornerstone já deu vários concertos em Portugal, onde goza de grande culto. “A vossa cultura é muito próxima de mim, muito sentimental, muito romântica”, confessou. “Basta pensar no fado, na bossa-nova. Encontrei aqui as pessoas que procurava. Talvez me mude para cá”, disparou na despedida, acompanhado de novo sorriso.