“Cheguei a 55 anos de vida de cantigas e isso é o que me interessa mais”

Paulo de Carvalho celebra este sábado 70 anos de vida e 55 de carreira com um concerto na Praça do Município, em Lisboa. A entrada é gratuita.

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Paulo de Carvalho numa das fotografias da sessão para fazer a capa do disco Duetis GONÇALO CLARO

Os 70 anos de vida e os 55 de carreira são dele, Paulo de Carvalho, mas a forma de os celebrar foi "completamente" ideia do filho Bernardo, que os meios musicais conhecem por Agir. “Pela admiração que tem por mim e porque acha que eu devia ser considerado de uma maneira que, na opinião dele, não sou.” A sugestão foi um disco de duetos, que Agir idealizou, e um concerto público, que será de entrada livre e levará Paulo de Carvalho este sábado à noite (22h) à Praça do Município, em Lisboa.

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Os 70 anos de vida e os 55 de carreira são dele, Paulo de Carvalho, mas a forma de os celebrar foi "completamente" ideia do filho Bernardo, que os meios musicais conhecem por Agir. “Pela admiração que tem por mim e porque acha que eu devia ser considerado de uma maneira que, na opinião dele, não sou.” A sugestão foi um disco de duetos, que Agir idealizou, e um concerto público, que será de entrada livre e levará Paulo de Carvalho este sábado à noite (22h) à Praça do Município, em Lisboa.

O disco tem-se saído muito bem nas lojas (mantém-se há cinco semanas no segundo lugar dos mais vendidos) e Paulo de Carvalho está muito satisfeito com o resultado, apesar de a sua opinião não coincidir exactamente com a do filho em matéria de popularidade. “Eles apegam-se muito à fama, nem que seja imediata. Eu sei que sou uma pessoa considerada por milhares de pessoas, e é isso que faz com que tenha conseguido chegar a 55 anos de vida de cantigas, que é a parte que me interessa mais. Isso leva tempo a conseguir. Ora esta gente mais nova, e cheia de mérito, tenta conseguir isso mais depressa.” Um dos exemplos que dá são os concursos musicais televisivos, onde há “umas boas dezenas de miúdos a cantarem maravilhosamente, mas que depois desaparecem, porque a própria indústria musical não tem muito respeito pelas pessoas". "É tudo reciclável”, lamenta.

Voltando aos Duetos (assim se chama o disco), a ideia começou a agradar-lhe muito por envolver pessoas de três gerações. “Estou a cantar com gente da minha geração, com gente de uma geração intermédia e com malta nova que ele me trouxe.” Paulo Carvalho conhecia-os, mas não pessoalmente. A escolha dos convidados foi inteiramente do filho, Agir, também produtor do disco. Mas Paulo de Carvalho pôs algumas questões. “Uma, que ele aceitou, foi cantar agora as cantigas da mesma forma que sempre as cantei. Como eu canto, como está a minha voz, mas próximo do que as pessoas têm no ouvido. Quem brilha aqui são os convidados, que cantam da maneira que lhes apetece.” Tudo isto é audível no disco, quer a forma como Paulo de Carvalho situa a voz em cada uma das canções, quer a maneira como cada convidado “entra” no tema que lhe coube.

"O gajo mais incoerente"

E são muitos, 17 temas e igual número de convidados. Por ordem de entrada no disco, que vai de Flor sem tempo até E depois do adeus, sem preocupações de ordem cronológica, alinham-se Diogo Piçarra, Rita Guerra, Rui Veloso, Áurea, The Black Mamba, Camané, Raquel Tavares, Carlos do Carmo, Tozé Brito, Mafalda Sacchetti, Agir (estes dois últimos filhos de Paulo de Carvalho), Matias Damásio, Miguel Araújo, António Zambujo, Ivan Lins (com Nuno Markl), José Cid e Marisa Liz. “Porque é que isto é possível? Porque eu sou o gajo mais incoerente do mundo!”, graceja Paulo de Carvalho, ao rever a lista. “Há aí de tudo: fado, funk, canção ligeira. E isso deu azo a que fosse possível fazer um disco desta maneira e com tanta gente tão diferente.”

O concerto deste sábado é de acesso gratuito e conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Aliás, ocorre no seu domínio por excelência, que é a Praça do Município. Nele prevê-se a participação de alguns dos nomes que gravaram com Paulo no disco Duetos, como Carlos do Carmo, Tozé Brito, Agir, Mafalda Sacchetti e Tatanka.