A sereia de Copenhaga foi novamente vandalizada. Desta vez em nome das baleias

A famosa estátua da "Pequena Sereia" foi pintada de vermelho, num protesto contra a morte anual de mil baleias-piloto nas águas das Feroé.

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Não é a primeira vez que acontece e nada indica que seja última. A sereia de Copenhaga, postal da capital da Dinamarca, voltou a ser vandalizada. Desta vez, os autores do crime foram activistas de defesa dos animais que pretenderam chamar a atenção para a morte das baleias-piloto nas lhas Feroé, arquipélago dependente da Dinamarca.

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Não é a primeira vez que acontece e nada indica que seja última. A sereia de Copenhaga, postal da capital da Dinamarca, voltou a ser vandalizada. Desta vez, os autores do crime foram activistas de defesa dos animais que pretenderam chamar a atenção para a morte das baleias-piloto nas lhas Feroé, arquipélago dependente da Dinamarca.

De acordo com um porta-voz da polícia de Copenhaga, a estátua foi pintada de vermelho durante a madrugada desta terça-feira. O alerta foi dado às autoridades cerca das 6h30.

“A Dinamarca defende as baleias nas ilhas Feroé”, lê-se no passeio junto à estátua, numa mensagem em inglês, escrita também com tinta vermelha. É uma alusão à tradicional caça às baleias-piloto praticada naquelas ilhas. A controversa tradição remonta ao século XVI. Os animais são atraídos para costa e encurralados com recurso a barcos. As baleias são posteriormente esfaqueadas até à morte por habitantes locais.

Esta forma de pesca é considerada cruel, primitiva e desnecessária por várias associações de defesa dos direitos dos animais, entre elas a Sea Shepherd Conservation Society, uma organização não-governamental que denuncia a morte anual de cerca de mil baleias-piloto através daquela prática. No dia 21, 80 animais foram mortos daquela forma no primeiro evento anual desta forma de caça (grindadráp no idioma feroês), aponta a ONG.

A Sea Shepherd pretende reunir 200 mil assinaturas para levar o tema à mesa de discussões da Comissão Europeia. Esta terça-feira, a petição contava já com cerca de 136 mil signatários.

Lukas Erichsen, porta-voz do grupo Sea Shepherd, garantiu que a associação não está envolvida de forma alguma com o acto de vandalismo hoje noticiado, mas que “simpatizava” com a mensagem escrita no passeio. “Compreendemos que as pessoas pensem que somos responsáveis por isto, mas não apoiamos sabotagem”, afirmou Erichsen, em declarações ao jornal dinamarquês Politken.

Carl Christian Ebbesen, presidente da câmara de Copenhaga, diz-se “ofendido” com esta forma de protesto. “Monumentos nacionais como este deviam ser deixados em paz. Quer tenha tido motivações políticas ou seja um acto de puro vandalismo, isto escapa ao que é aceitável”, disse em declarações a uma rádio dinamarquesa.

A estátua de bronze da “Pequena Sereia”, localizada à entrada do porto de Copenhaga, foi esculpida por Edvard Eriksen, em homenagem ao escritor Hans Christian Andersen, e inspirado no conhecido conto do autor. Exposta desde 1913, tem sofrido actos de vandalismo ao longo de décadas, alguns como motivações políticas.

Desde meados da década de 60, a estátua já foi repetidamente decapitada. Uma das vezes, em 1998, a cabeça da estátua foi devolvida de forma anónima. Em 2004, a estátua foi coberta com uma burca, em protesto contra o processo de adesão da Turquia à União Europeia.

As autoridades dinamarquesas encontram-se a investigar o incidente desta terça-feira.