Uma lição taiwanesa

É uma sorte receber visitas de turistas. É estudando os viajantes que se aprende a viajar.

É uma sorte receber visitas de turistas. É estudando os viajantes que se aprende a viajar. Seis tawaineses, três mulheres e três homens, chegaram à praia onde eu estava a almoçar. Cada um tinha uma grande máquina fotográfica ao pescoço. Estavam bem dispostos e riam-se muito.

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É uma sorte receber visitas de turistas. É estudando os viajantes que se aprende a viajar. Seis tawaineses, três mulheres e três homens, chegaram à praia onde eu estava a almoçar. Cada um tinha uma grande máquina fotográfica ao pescoço. Estavam bem dispostos e riam-se muito.

Espantou-me a despreocupação deles. Não hesitaram em escolher o restaurante. Quase todas as pessoas, estrangeiras ou portuguesas, começam por ver a ementa, dão uma vista de olhos, conversam em voz baixa e consultam-se antes de chegar a uma decisão de se sentar ou ir embora.

Os taiwaneses não perderam tempo a desconfiar. Têm toda a razão: que desperdício de nervos e de tempo estar sempre a pensar paranoicamente que alguém nos quer enganar.

Um deles apontou para as minhas duas ostras e disse que também queriam. Escolheram, com bons olhos, um cantaril de 800 gramas que mandaram cozer. Dividiram-no por todos e comeram-no com arroz branco. Assim o almoço foi leve mas bom e económico.

Perguntei-lhes como é que deram com aquela praia. Disseram-me que tinham visto da estrada e tinham gostado. E o restaurante? A mesma coisa. Tudo neles era espontâneo. Estavam de férias e não tinham nada planeado. Saíram de Lisboa para dar uma volta e, sem consultar livros nem webs, seguiram por onde lhes apetecia. Não tinham qualquer angústia de ter de ver (ou de terem perdido) isto ou aquilo em Sintra ou Cascais.

Estavam completamente à vontade, como queremos que fiquem os convidados (mas nunca ficam). Que prazer recebê-los!