O que já conseguiram os médicos e o que falta negociar

Depois de 16 encontros e de mais de um ano de negociações, os médicos já conseguiram alguns acordos com o Ministério da Saúde, mas há muito para negociar. Greve de dois dias começa nesta quarta-feira.

Foto

O que já conseguiram os médicos

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O que já conseguiram os médicos

  • Desde Abril que os médicos voltaram a receber 75% do valor das horas extraordinárias, que tinha sido cortado para 50% na sequência do memorando de entendimento com a troika. As horas vão ser pagas a 100% em Dezembro, mas mesmo assim os sindicatos queriam que os 100% tivessem entrado em vigor em Janeiro, argumentando que foi o que aconteceu com a restante administração pública.
  • O descanso compensatório a que os médicos têm direito depois de realizarem trabalho nocturno passou a ser remunerado em Agosto do ano passado. Desta forma os clínicos deixaram de ter de repor este descanso do seu horário semanal. Os médicos recém-especialistas são contratados através de um procedimento centralizado e que permite colocá-los nos serviços em apenas um mês, quando antes chegava a demorar meio ano.
  • Parte do rendimento dos médicos foi reposto através de medidas transversais do Governo, como a redução de impostos e da sobretaxa de IRS.

As principais reivindicações que estão por negociar

  •  Actualmente os médicos são obrigados a fazer até 200 horas por ano de trabalho extraordinário e querem reduzir o limite para 150 horas.
  • Todas as semanas os médicos têm de dedicar 18 horas do trabalho ao serviço de urgência e os sindicatos querem reduzir esse valor para 12 horas, uma vez que o aumento foi acordado na altura da intervenção da troika e deveria ter sido reavaliado em 2015. Pedem também o fim de períodos de trabalho de 24 horas seguidas na urgência.
  • Também na altura da troika, os médicos de família aceitaram aumentar temporariamente as listas de utentes para mais de 1900. Os sindicatos querem que o valor regresse aos 1500.
  • Mais incentivos para fixar médicos nas zonas carenciadas. O Ministério da Saúde já actualizou em Janeiro estes incentivos, prometendo mais férias e um aumento de 40% do salário bruto.
  • Lançamento de concursos para as posições de assistente graduado sénior e assistente graduado para que os médicos progridam na carreira. A promessa foi feita no ano passado mas ainda não avançou.
  • Negociação de uma grelha salarial, que já deveria ter ocorrido em Janeiro de 2015 nos termos do acordo celebrado em 2012 com o anterior Governo. Os sindicatos argumentam que só com a revisão é possível travar e emigração de médicos e a saída para o sector privado.
  • Recuperação dos dias de férias acrescidos que tinham sido concedidos em função da idade do trabalhador.
  • Convergência da idade de aposentação dos médicos com as restantes profissões de maior risco/desgaste.