Portugal teve mais casos de sarampo em quatro meses do que numa década

Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial de Saúde um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo.

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EVA CARASOL / PUBLICO

O número de casos de sarampo em Portugal ultrapassou, nos primeiros quatro meses deste ano, o da última década, segundo dados de vários relatórios da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

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O número de casos de sarampo em Portugal ultrapassou, nos primeiros quatro meses deste ano, o da última década, segundo dados de vários relatórios da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com os vários relatórios sobre doenças de declaração obrigatória, entre elas o sarampo, entre 2006 e 2014, Portugal registou 19 casos de sarampo — quase todos importados — quando, desde Janeiro deste ano até hoje, já houve 23 casos.

Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial de Saúde (OMS) um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registados nos últimos anos tinham sido contraídos noutros países.

Com a vacinação gratuita das crianças, a partir de 1974, e sobretudo com a introdução de uma segunda dose de vacina em 1990, o sarampo acabou por se tornar quase uma doença esquecida ou invisível. Mas entre 1987 e 1989 tinham sido notificados em Portugal 12 mil casos, contabilizando-se 30 mortes. Aliás, o sarampo é uma das infecções virais mais contagiosas e, apesar de habitualmente ser benigna, pode ser grave e até levar à morte, avisa a DGS.

A doença manifesta-se pelo aparecimento de pequenos pontos brancos na mucosa oral cerca de um ou dois dias antes de surgirem erupções cutâneas, que inicialmente surgem no rosto. Segundo a norma clínica emitida pela DGS na semana passada, as complicações do sarampo podem incluir otite média, pneumonia, convulsões febris e encefalite. Os adultos têm, normalmente, doença mais grave do que as crianças e os doentes imunocomprometidos podem não apresentar manchas na pele.

O sarampo, que é evitável pela vacinação, transmite-se por via aérea e pelo contacto directo com secreções nasais ou da faringe de pessoas infectadas. Com um período de incubação que pode variar entre sete a 21 dias, o contágio dá-se quatro dias antes e quatro dias depois de aparecer o exantema (erupções cutâneas). Consideram-se já protegidas contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso dos menores de 18 anos, e uma dose quando se trata de adultos.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra o sarampo, sendo gratuita e incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV). As crianças devem ser vacinadas aos 12 meses e repetir a vacina aos cinco anos. “Alerta-se, desde já, para a necessidade de os pais vacinarem os seus filhos sem hesitação, uma vez que as vacinas estão disponíveis no país”, referiu a DGS numa nota emitida nesta segunda-feira, um alerta que tem repetido de forma constante.

A vacinação organizada contra o sarampo em Portugal iniciou-se em 1973, com uma campanha de vacinação de crianças entre os um e quatro anos, que vigorou até 1977. Em 1974, a vacina contra o sarampo foi incluída no PNV e em 1990 foi introduzida uma segunda dose da vacina.

Mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afectando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que avisa que muitos dos casos de sarampo ocorrem por causa de pais que não querem vacinar os seus filhos.