Paula Rego show

A pintora a dominar o filme com aquela mescla de franqueza e de inocência, ambas as coisas igualmente violentas, que também está nos seus quadros.

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Suficientemente próximo para não poder iludir o facto de estar a mostrar a mão, suficientemente distante para não se esquecer de que está a mostrar uma artista, e sobretudo a mergulhar numa obra: é uma posição de funâmbulo, ou quase, mas Nick Willing habita-a com uma justeza que evita os passos em falso.

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Suficientemente próximo para não poder iludir o facto de estar a mostrar a mão, suficientemente distante para não se esquecer de que está a mostrar uma artista, e sobretudo a mergulhar numa obra: é uma posição de funâmbulo, ou quase, mas Nick Willing habita-a com uma justeza que evita os passos em falso.

A energia que o realizador instila a uma factura clássica (e muito tradicionalmente televisiva) do “documentário de artistas” tem algo que ver com isso, com a necessidade de uma coesão que não “trespasse” (no sentido Citizen Kane do termo) mas também não seja inócua.

E, depois, é um Paula Rego show, a pintora a dominar o filme com aquela mescla de franqueza e de inocência, ambas as coisas igualmente violentas, que também está nos seus quadros.

A mulher é a obra, ou a obra é a mulher, para glosar chavões tradicionais; dar uma substância verdadeira e palpável a proposições deste tipo, sem esquecer nem a pedagogia nem o pudor quando é caso de uma coisa ou de outra, não era evidente nem é algo que se veja em todos os filmes deste género. Sinal indesmentível do sucesso do empreendimento.