Morreu um dos últimos baleeiros

Nascido na Ribeira do Meio, no concelho das Lajes do Pico, Francisco "Barbeiro" era considerado o “rosto principal da última geração” que se dedicou à caça da baleia, diz director do Museu dos Baleeiros do Pico.

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Francisco "Barbeiro" em 2008 na inauguração do Centro de Artes e de Ciências do Mar nas Lajes do Pico Nelson Garrido

Foi muitas vezes descrito como um dos últimos baleeiros. Fancisco "Barbeiro", assim era conhecido, morreu na sexta-feira, aos 98 anos. Era o “grande embaixador” da baleação nos Açores, actividade que cessou em 1984, descreveu o director do Museu dos Baleeiros do Pico, Manuel Francisco Junior.

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Foi muitas vezes descrito como um dos últimos baleeiros. Fancisco "Barbeiro", assim era conhecido, morreu na sexta-feira, aos 98 anos. Era o “grande embaixador” da baleação nos Açores, actividade que cessou em 1984, descreveu o director do Museu dos Baleeiros do Pico, Manuel Francisco Junior.

Em declarações à agência Lusa, o director do museu considerou que Francisco representa uma época “áurea e opulenta” da baleação na ilha do Pico e nos Açores, tendo-o considerado um dos “maiores representantes” da caça à baleia.

Francisco Machado, conhecido por Francisco "Barbeiro", nascido na Ribeira do Meio, no concelho das Lajes do Pico, era considerado o “rosto principal da última geração” que se dedicou à caça da baleia. A indústria da baleação desempenhou um papel fundamental na economia e na cultura dos Açores, nos séculos XIX e XX, de forma particular na ilha do Pico. A matéria prima mais importante retirada deste cetáceo era o óleo que era usado em máquinas, mas também se produziam sabonetes, perfumes, produtos para maquilhagem e farinhas.

“Francisco 'Barbeiro' é uma das memórias mais fortes da importância histórica e económica da baleação”, afirmou o responsável pelo Museu dos Baleeiros, que recordou ter aquele baleeiro sido um dos “elementos fundamentais” da comissão instaladora daquela instituição.

Após a “grande desilusão” que teve com o final da caça, em 1984, Francisco Machado teve a “sensibilidade e lucidez” de perceber a importância da criação do museu e “construir as memórias” da baleação, explica ainda o responsável do Museu dos Baleeiros para quem, aquele baleeiro, que “começou muito novo” na actividade, tendo sido remador, ‘trancador’, mestre de lancha e armador, “está entre os grandes baleeiros do Pico e dos Açores”.

“Vinha ver o museu como se fosse parte sua, foi um homem do património baleeiro, educado e inteligente, de verticalidade, de carácter, olhava as pessoas com ternura e doçura”, referiu.

Francisco "Barbeiro", tal como o sobrenome indica, foi barbeiro quando cumpriu o serviço militar obrigatório, mas também agricultor, tendo tanto o seu pai como o avô sido igualmente baleeiros como forma de assegurar um rendimento extra.

A caça à baleia nos Açores processava-se com base em barcos de boca aberta e em métodos artesanais, com recurso a um arpão, sendo posteriormente os cetáceos desmanchados nas unidades industriais que existiam nas várias ilhas dos Açores.