Os shrubs estão na moda. São deliciosos e fáceis. Nos mais simples usa-se um litro de água, um quilo de açúcar, um litro de vinagre e a fruta que se quiser. Faz-se o xarope e junta-se a fruta. Deixa-se estar um dia. Depois deita-se o vinagre e vai-se provando.

Os shrubs estão na moda. São deliciosos e fáceis. Nos mais simples usa-se um litro de água, um quilo de açúcar, um litro de vinagre e a fruta que se quiser. Faz-se o xarope e junta-se a fruta. Deixa-se estar um dia. Depois deita-se o vinagre e vai-se provando.

Logo no segundo dia o sabor do vinagre desaparece milagrosamente, traduzindo-se numa profundidade doce e citrina ao mesmo tempo. O resultado são três litros de shrub concentrado que dura seis meses no frigorífico e serve para fazer centenas de bebidas. Na versão mais preguiçosa junta-se apenas gelo, água (com ou sem gás) e uma rodela de limão.

É pena usar-se a palavra shrub para descrever uma bebida que nos deve ter sido transmitida pelos árabes. A palavra sharâb, do persa ou do árabe, significa bebida ou vinho (o verbo é shariba) e deu-nos xarope. Os ingleses derivaram sherbet, os italianos sorbetto, os franceses sorbet e nós, recorrendo à mesma raíz do verbo sorver, sorvete.  

A palavra xarope serviu assim para designar bebidas sem álcool. Sharâb queria dizer vinho. Poderá ter vindo a aplicar-se, também, na derivação para as línguas dos países vinicultores, ao sucedâneo que é o vinagre?

Há espanhóis que chamam jarabes aos shrubs mas é melhor guardar a nossa palavra xaropes para as bebidas feitas sem vinagre. E os shrubs? Qual será a palavra correcta em português moderno, atendendo à etimologia árabe?

Não haverá entre nós uma tradição de xaropes avinagrados feitos com a fruta da época para durar o resto do ano? Aposto que sim.