Segundo implante de um aparelho que ajuda a bater o coração em Portugal

A cirurgia foi realizada nesta quinta-feira no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa.

Foto
O HeartMate é um motor auxiliar do coração Daniel Rocha

Um doente com insuficiência cardíaca recebeu esta quinta-feira no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, um dispositivo interno de assistência circulatória. Este aparelho é do mesmo modelo daquele que foi colocado a um homem de 65 anos no Hospital de Santa Marta, também em Lisboa, esta segunda-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Um doente com insuficiência cardíaca recebeu esta quinta-feira no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, um dispositivo interno de assistência circulatória. Este aparelho é do mesmo modelo daquele que foi colocado a um homem de 65 anos no Hospital de Santa Marta, também em Lisboa, esta segunda-feira.

Miguel Abecassis, cirurgião cardiotorácico que dirigiu a intervenção no Hospital de Santa Cruz, disse à agência Lusa que a operação “correu bem” e que o doente está a recuperar, apesar das dificuldades de um pós-operatório desta natureza.

O aparelho colocado no doente chama-se HeartMate 3 e é como um parceiro do coração, um motor auxiliar que ajuda este órgão a manter o fluxo de sangue contínuo. Mais exactamente, é um dispositivo de assistência ventricular esquerdo. O médico esclareceu que este implante não é um verdadeiro coração artificial, apesar de ser conhecido como tal. Em situações como a deste doente, de 71 anos e com um quadro de insuficiência renal e hepática, o dispositivo dificilmente será substituído.

“Este é um dispositivo de assistência circulatória interno. Ao contrário dos que temos utilizado até hoje, que são dispositivos de assistência circulatória externos, estes têm a enorme vantagem de, por um lado, dar mais liberdade ao doente e, por outro, não ter as complicações dos dispositivos externos”, explicou o cirurgião.

O doente, que recebeu quinta-feira o dispositivo, “sofre de insuficiência cardíaca avançada, com vários internamentos no hospital por essa razão, o último dos quais sete dias antes da implantação, em que havia claramente um quadro de insuficiência renal e hepática em evolução”.

“Uma vez que este seria sempre um receptor marginal – se é que alguma vez seria um candidato a transplante, que não é –, achámos que era um candidato a este tipo de dispositivos”, adiantou o cirurgião.

A cirurgia durou cerca de três horas e meia e, além da implantação do sistema de apoio circulatório, os cirurgiões tiveram de reconstruir a válvula do lado direito do coração do doente. Para Miguel Abecassis, a maior dificuldade durante a cirurgia foi a correcção das alterações de coagulação, devido ao quadro de insuficiência hepática do doente, já que do ponto de vista técnico “não existiu qualquer problema e a bomba funcionou sempre a 100%”.

O doente, que tem “um prognóstico reservado, como todos estes doentes”, tem registado “uma evolução muito positiva nas últimas horas”. Segundo Miguel Abecassis, existem já outros candidatos a este implante cardíaco.

Tal como a equipa de José Fragata, que anunciou esta terça-feira o primeiro implante em Portugal de um aparelho que ajuda a bater o coração do lado esquerdo num homem de 65 anos, a equipa do Hospital de Santa Cruz também se deslocou a Lausanne (Suíça) para tomar conhecimento da técnica.