Savinova é banida e perde o ouro olímpico. Semenya deverá suceder-lhe

Mariya Savinova perde por doping a medalha de ouro da final dos 800 metros nos Jogos de Londres, em 2012. A sul-africana Caster Semenya deve assim suceder à atleta russa. É mais uma página negra na história do atletismo russo.

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Savinova venceu a final dos 800 metros com um tempo de um minuto e 56 segundos Reuters/Eddie Keogh

O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS, na sigla francesa) vai retirar a Mariya Savinova a medalha de ouro dos 800 metros nos Jogos Olímpicos de 2012 por doping, avançou a Associated Press. As suspeitas já vêm de há três anos, quando a atleta russa teria admitido, e demonstrado num documentário alemão, o uso de oxandrolona, uma substância ilegal. A decisão ainda pode ir a recurso. 

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O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS, na sigla francesa) vai retirar a Mariya Savinova a medalha de ouro dos 800 metros nos Jogos Olímpicos de 2012 por doping, avançou a Associated Press. As suspeitas já vêm de há três anos, quando a atleta russa teria admitido, e demonstrado num documentário alemão, o uso de oxandrolona, uma substância ilegal. A decisão ainda pode ir a recurso. 

Além de retirar a medalha, o TAS proibiu Savinova de competir durante quatro anos. A Agência Mundial Anti-Doping (WADA, em inglês) tinha como recomendação original que Savinova fosse banida para sempre.

A sul-africana Caster Semenya, que ficou em segundo em Londres, é agora candidata a receber a medalha sem dono. Semenya, diz a Associated Press, pode tornar-se duas vezes campeã do mundo de atletismo, visto que Savinova também corre o risco de perder a medalha de ouro que conquistou em 2011.

Mariya Savinova não é a única a ser acusada de se dopar nos Jogos de 2012. A atleta faz parte da quase totalidade da equipa olímpica russa à qual, segundo o documentário do canal alemão ARD editado em 2014 e consequentes inquéritos internacionais, foi feita vista grossa acerca do uso de substâncias proibidas no desporto olímpico. Já na altura, a ARD apontava a existência de uma rede de influências, que incluía funcionários da Agência Anti-Doping Russa (RUSADA, em inglês), do laboratório de controlo de doping em Moscovo e da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, em inglês), com o objectivo de esconder testes de doping com resultados positivos.

O jornal americano The New York Times citou um documento da WADA que revela que em 2013 a Rússia foi o país que cometeu mais infracções relacionadas com drogas. Foram 225, o que representa 12% de todas as violações a nível mundial.

Em Novembro de 2015, uma comissão independente liderada por Dick Pound, ex-presidente da WADA, apresentou um relatório de 325 páginas em que considera que seis atletas russos não deviam ter participado nos Jogos de Londres, pois apresentavam resultados anormais no sangue. Savinova era uma desses, tal como Ekaterina Poistogova, que acabou a final dos 800 metros em terceiro, conquistando a medalha de bronze.

Após a publicação do relatório, a Rússia foi suspensa provisoriamente de participar nas competições de atletismo. A decisão veio da IAAF, anteriormente complacente com os casos de doping que envolveram a equipa russa.

“Nós discutimos e concordámos que todo o sistema falhou com os atletas, não só da Rússia, mas de todo o mundo”, disse na altura Sebastian Coe, líder britânico da IAAF. Coe considerou ainda que os casos russos representam uma "chamada de atenção vergonhosa" e que a batota não iria ser tolerada.

A suspensão chegou nove meses antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, competição em que a Rússia acabou por participar e conquistar 19 medalhas de ouro, 17 de prata e 19 de bronze.