A lei diante do terrorismo

O que salva Patriots Day é a sua faceta pragmática, o estilo quase jornalístico com que retrata o encadeado de acontecimentos no dia dos atentados na Maratona de Boston em 2013.

Fotogaleria

Cai que nem ginjas — dada a “situação” ao fim de poucos dias de Administração Trump — esta evocação dos atentados na Maratona de Boston em 2013, perpetrados por dois irmãos de origem chechena. O filme de Peter Berg não é bem propaganda, e também não é bem (apesar do título) um exercício de patriotismo galvanizante ou lacrimejante, mas confirma a dificuldade do cinema americano encontrar o tom certo — tão “em cima” dos acontecimentos, pelo menos — para lidar com as circunstâncias e com o clima criados pelas ameaças (neste caso, concretizadas) do terrorismo islâmico. Quando “filosofa” (e o protagonista Mark Wahlberg filosofa bastante), Patriots Day sai uma ladainha redonda e não especialmente significativa, uma peculiar mistura de relativismo crente na tolerância e de maniqueísmo que continua a ser incapaz de ver o mundo fora duma divisão entre o Bem e o Mal. E quando quer retratar os “outros”, os terroristas (no caso as personagens dos irmãos Tsarnaev), sai outra mistura, entre a estereotipação do fanático e o paternalismo com se encara o jovem “radicalizado” como também sendo uma “vítima” (e aqui bastante visível no retrato do mais novo, que também é, digamos, o mais “americano”).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Cai que nem ginjas — dada a “situação” ao fim de poucos dias de Administração Trump — esta evocação dos atentados na Maratona de Boston em 2013, perpetrados por dois irmãos de origem chechena. O filme de Peter Berg não é bem propaganda, e também não é bem (apesar do título) um exercício de patriotismo galvanizante ou lacrimejante, mas confirma a dificuldade do cinema americano encontrar o tom certo — tão “em cima” dos acontecimentos, pelo menos — para lidar com as circunstâncias e com o clima criados pelas ameaças (neste caso, concretizadas) do terrorismo islâmico. Quando “filosofa” (e o protagonista Mark Wahlberg filosofa bastante), Patriots Day sai uma ladainha redonda e não especialmente significativa, uma peculiar mistura de relativismo crente na tolerância e de maniqueísmo que continua a ser incapaz de ver o mundo fora duma divisão entre o Bem e o Mal. E quando quer retratar os “outros”, os terroristas (no caso as personagens dos irmãos Tsarnaev), sai outra mistura, entre a estereotipação do fanático e o paternalismo com se encara o jovem “radicalizado” como também sendo uma “vítima” (e aqui bastante visível no retrato do mais novo, que também é, digamos, o mais “americano”).

O que salva Patriots Day é a sua faceta pragmática, o estilo quase jornalístico com que retrata o encadeado de acontecimentos daquele dia, a estupefacção lentamente a converter-se numa compreensão dos factos, o trabalho de polícias e serviços de assistência médica, e sobretudo a referência constante aos “procedimentos”, aos códigos de conduta e de comunicação dentro da “cadeia de comando”, como se as regras fossem a salvaguarda que evita o caos total, e não aquilo que lhe abre a porta. Se há relação a fazer entre este filme e o momento político que se vive para os lados da Casa Branca, ela andará à volta destes temas. Quanto a resto, uma certa energia e um certo rigor no tratamento da continuidade espácio-temporal da acção, bem ajudados pela presença de actores carismáticos e bem rodados (Bacon, Goodman), garantem que Patriots Day se mantenha acima da fasquia do francamente visível.

The partial view '~/Views/Layouts/Amp2020/VIDEO_CENTRAL.cshtml' was not found. The following locations were searched: ~/Views/Layouts/Amp2020/VIDEO_CENTRAL.cshtml
VIDEO_CENTRAL