Escoteiros americanos vão passar a admitir rapazes transgénero

A identidade de género passará a determinar a elegibilidade para os US Boy Scouts, e não o género designado à nascença.

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Escoteiro empunha bandeira em parada de orgulho gay de São Francisco, EUA, em 2014 Noah Berger/Reuters

Os US Boy Scouts, corpo norte-americano de escoteiros só para rapazes, informaram na segunda-feira que iriam começar a aceitar rapazes transgénero, descartando a prática de usar o género designado à nascença para determinar a elegibilidade. A alteração acontece depois de um rapaz transgénero de oito anos ter sido obrigado a deixar os escuteiros no ano passado, em Nova Jérsia.

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Os US Boy Scouts, corpo norte-americano de escoteiros só para rapazes, informaram na segunda-feira que iriam começar a aceitar rapazes transgénero, descartando a prática de usar o género designado à nascença para determinar a elegibilidade. A alteração acontece depois de um rapaz transgénero de oito anos ter sido obrigado a deixar os escuteiros no ano passado, em Nova Jérsia.

“A partir de hoje, vamos aceitar e registar jovens nos programas de Lobitos e Escoteiros baseando-nos na identidade de género que indicarem na sua inscrição”, disse a directora de comunicação dos US Boy Scouts, Effie Delimarkos, em resposta a um e-mail enviado pela Reuters.

Delimarkos salientou que as mudanças na definição de género nas leis estaduais podem “variar muito de estado para estado”, justificando dessa forma a decisão. Em comunicado, a instituição admite que a sua antiga abordagem às questões de género “já não é suficiente, porque as comunidades e as leis estaduais estão a interpretar a identidade de género de maneira diferente".

Effie Delimarkos explicou que a organização oferece programas e actividades para todos os jovens, mas que os Lobitos e os Escuteiros são apenas para rapazes. Esta mudança irá permitir que as crianças se inscrevam mesmo que o género masculino não apareça na sua certidão de nascimento.

O grupo de advocacia Scouts for Equality aplaudiu a alteração: “Este é outro dia histórico para os Rapazes Escoteiros dos EUA. A decisão de permitir que rapazes transgénero participem nos programas de Lobitos e Escoteiros é um passo importante para esta instituição”, cita a Reuters.

Kirstie Maldonado, mãe do rapaz transgénero que foi obrigado a deixar os escoteiros, disse que a decisão a tinha deixado dividida: “É uma grande mudança, todos são aceites agora… Estou satisfeira por terem avançado com esta decisão, mas continuo zangada”, disse à Associated Press.

Em 2013, os US Boy Scouts votaram para suspender a interdição a escoteiros abertamente homossexuais, uma regra da instituição desde o seu início, depois de um grupo defensor dos direitos dos homossexuais ter recolhido quase 1,8 milhões de assinaturas a favor dessa suspensão. Algumas das maiores igrejas dos EUA apoiaram esta decisão, como os mórmones e os metodistas, dois grandes apoiantes do escotismo nos Estados Unidos.

Dois anos depois, em 2015, a organização suspendeu a interdição total de líderes adultos homossexuais, depois de o seu presidente e antigo secretário norte-americano da Defesa Robert Gates ter afirmado que a interdição era “insustentável”, numa altura em que enfrentava numerosos processos judiciais, que acusavam essa regra de ser discriminatória.

Os US Boy Scouts, cuja missão é preparar os jovens para a vida e para a liderança, têm cerca de 2,3 milhões de elementos, com idades entre os sete e os 21 anos, e cerca de 960 mil voluntários em conselhos locais um pouco por todo o país, de acordo com o site oficial. 

Nota: Vários leitores têm questionado o uso da grafia escoteiro em detrimento de escuteiro. Ambas são aceitáveis, dizendo, no entanto, respeito a organizações diferentes, como explica o site da Associação dos Escoteiros de Portugal.