Ninguém substituirá o “honesto” Fillon

Nem Alain Juppé nem Nicolas Sarkozy estão dispostos a candidatar-se em vez de Fillon, se este for indiciado por ter contratado a mulher ilegalmente como assistente.

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A mulher de François Fillon recebeu 500 mil euros do erário público francês Philippe Wojazer/REUTERS

Alain Juppé, o candidato derrotado nas primárias de centro-direita, em Novembro, recusa-se “clara e definitivamente” a ser uma solução de recurso, se François Fillon tiver de desistir da candidatura às presidenciais, como prometeu fazer, se acabar por ser indiciado na investigação a que está a ser sujeito por ter empregado a mulher, durante largos anos, como assistente parlamentar – aparentemente, sem que esta tenha desempenhado funções algumas.

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Alain Juppé, o candidato derrotado nas primárias de centro-direita, em Novembro, recusa-se “clara e definitivamente” a ser uma solução de recurso, se François Fillon tiver de desistir da candidatura às presidenciais, como prometeu fazer, se acabar por ser indiciado na investigação a que está a ser sujeito por ter empregado a mulher, durante largos anos, como assistente parlamentar – aparentemente, sem que esta tenha desempenhado funções algumas.

“A polémica é preocupante, mas não muda em nada a minha decisão, porque já se realizaram as primárias, e os eleitores pronunciaram-se”, afirmou o ex-primeiro-ministro Juppé, recusando-se a “ser repescado”.

O Tribunal Central de Luta contra as Infracções Financeiras e Fiscais abriu um processo preliminar sobre Fillon, que admite ter contratado a sua mulher, Penelope Fillon, como assistente parlamentar, entre 1998 e 2002, recebendo um ordenado bruto de 3900 euros, e de novo seis meses em 2012, com um salário de 4600 euros. Entre 2002 e 2007, enquanto Fillon foi ministro, Penelope foi assistente do deputado que o substituiu, mas com salário ainda maior: de 7900 euros brutos. Nos cálculos do semanário Le Canard Enchainé, que revelou o caso, a mulher de Fillon recebeu cerca de 500 mil euros (brutos) do erário público francês.

Fillon, que foi depois primeiro-ministro de Nicolas Sarkozy, e que se apresenta como o candidato da “transparência” e da “honestidade”, prometendo cortes na Segurança Social no valor de 500 mil euros – o mesmo valor que a mulher recebeu, notam críticos de língua afiada…. – não nega os factos. Diz até que também a certa altura também empregou os dois filhos advogados. Mas, enquanto o jornal ouve várias testemunhas que dizem nem sequer saber que Penelope Fillon trabalhava para o marido – nunca a viram sequer no Parlamento – o político garante que ela fazia trabalho importante.

Esta polémica tem efeitos perversos para Fillon. Uma sondagem Odoxa realizada sexta-feira para a Franceinfo, já depois de revelado o caso Penelopegate, revela que 61% dos franceses expressa uma opinião desfavorável de Fillon – uma subida de quatro pontos em relação a 8 de Janeiro. Entre os simpatizantes da esquerda, 83% têm uma má opinião do primeiro-ministro de Sarkozy. Em geral, só 32% dos franceses acham que ele é honesto.

Não está previsto no regulamento das primárias do centro-direita nenhum mecanismo para substituir Fillon. O partido do candidato, Os Republicanos, teria de improvisar, disse ao Le Figaro Thierry Solère, presidente do comité de organização das primárias. Não há tempo para organizar outras primárias – a primeira volta das eleições presidenciais é já a 23 de Abril, e a segunda a 7 de Maio.

Portanto, a solução mais razoável seria nomear um candidato. Juppé já disse que não. Nicolas Sarkozy também não está disponível: “A questão nem se coloca, basta!”, disseram próximos do ex-Presidente, citados pelo diário de direita.