Catarina Martins diz que o Governo tem de "ter coragem" e aumentar investimento

A líder do BE salienta que o défice "fica ao nível mais baixo dos últimos 40 anos".

Foto
Tiago Petinga/Lusa

A coordenadora do BE, Catarina Martins, apontou este sábado 2017 como o ano em que terá de existir a coragem para recuperar investimento público, mesmo que a União Europeia não queria.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A coordenadora do BE, Catarina Martins, apontou este sábado 2017 como o ano em que terá de existir a coragem para recuperar investimento público, mesmo que a União Europeia não queria.

“Se foi possível a coragem de recuperar salários e pensões contra tudo o que a União Europeia defendia, 2017 terá de ser o ano de ter coragem de recuperar investimento público, mesmo que a União Europeia não queira”, afirmou Catarina Martins, na sessão de abertura do fórum Mais Mobilidade Mais Liberdade, que decorre este sábado em Lisboa.

Defendendo que é preciso olhar para o que ensinou o último ano e tirar algumas lições, a coordenadora do BE recusou a ideia de que é impossível existir investimento porque Portugal continua a ter muitas dificuldades, tem uma dívida pública alta e precisa de controlar o défice.

“Diziam-nos há pouco mais de um ano que era impossível o país recuperar salários ou pensões, que seria o desastre, que viria aí seguramente o desastre se o fizermos. Foram recuperados salários e pensões e o défice do ano passado fica no nível mais baixo dos últimos 40 anos e cumpre com isso as regras do Euro”, sublinhou Catarina Martins, referindo-se ao anúncio feito esta semana pelo primeiro-ministro que, de acordo com os dados que o Governo dispõe, o défice em 2016 não será superior a 2,3%.

Contudo, insistiu, alcançar esse número de 2,3% de défice, não significa que tudo esteja bem, porque para o país cumprir “regras que são absurdas” não foi possível recuperar os níveis de investimento que são necessários para colocar Portugal a funcionar, nomeadamente nos transportes públicos ou na saúde.

“Se está provado que recuperar salários e pensões não é uma catástrofe económica para o país, pelo contrário foi o que deu algum fôlego à economia, teremos agora de ter a coragem de dar o passo seguinte e esse passo é ter o investimento público nos serviços que contam para aumentar a produtividade do país, para fazer a nossa qualidade de vida, a qualidade da nossa democracia e seguramente também o crescimento económico e o emprego de que precisamos”, frisou, defendendo que, se não houver coragem para fazer esse investimento, não haverá uma transformação na economia.

Por isso, “a expectativa que foi criada numa mudança política que começou pelo afastamento da direita do poder tem de continuar garantindo condições básicas às populações” e, para isso, os serviços públicos precisam de investimento, sustentou.

Catarina Martins assegurou ainda que estão criadas as condições para isso acontecer, recordando que o BE tem apresentado diplomas no parlamento nesse sentido, embora sejam bem “mais tímidos” do que aquilo que o partido defende “na tentativa de conseguir as convergências necessárias” para dar “passos seguros do investimento”.

Nos transportes públicos, exemplificou, o objectivo é pelo menos recuperar o nível de serviço que existia há quatro anos.