Trump vai nomear genro para cargo na Casa Branca

Escolha de marido da filha Ivanka Trump para conselheiro presidencial irá testar leis antinepotismo, diz o New York Times.

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Desde a eleição de Trump que a equipa de transição estudava um modo de lhe dar um cargo apesar das leis antinepotismo MANDEL NGAN/AFP

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, planeia nomear o genro, Jared Kushner, para um cargo importante na Casa Branca - conselheiro do Presidente, segundo o New York Times.

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O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, planeia nomear o genro, Jared Kushner, para um cargo importante na Casa Branca - conselheiro do Presidente, segundo o New York Times.

Um responsável da equipa de transição confirmou à emissora americana NBC que Kushner terá um papel de relevo entre os conselheiros do Governo, e que Trump irá explicar exactamente o seu papel na conferência de imprensa que vai dar na quarta-feira.

O diário de Nova Iorque adianta que esta nomeação irá testar as leis antinepotismo do país. Kushner, empresário nova-iorquino que fez fortuna no sector imobiliário e casado com Ivanka Trump desde 2009, foi um dos conselheiros com mais influência junto de Trump durante a campanha e terão partido dele algumas das principais decisões tomadas já no período de transição. Foi acusado de levar a cabo uma "purga" na equipa de transição.

A possibilidade de que o marido de Ivanka integrasse a Casa Branca tinha vindo a ser posta e, segundo o Times, Kushner e os seus advogados tinham tentado estudar formas de contornar as leis federais antinepotismo, que proíbem expressamente que dirigentes públicos nomeiem, ou mesmo recomendem, familiares directos para cargos sobre os quais tenham jurisdição.

A hipótese levantada seria a de Kushner abdicar de um salário, tornando-se num “conselheiro voluntário”, e transferir a gestão dos seus negócios para um blind trust, um fundo de gestão independente ao qual o empresário não teria acesso, à semelhança do que Trump fez.

Não é claro se terá sido esta a solução agora encontrada, mas o advogado do genro de Trump enunciou já alguns passos que vão ser dados para permitir que este assuma um cargo.

“Jared Kushner está empenhado em seguir as leis de ética e temos estado em consulta com o Gabinete de Ética Governamental em relação aos passos a tomar”, disse o advogado, passando a enumerar que o marido de Ivanka irá demitir-se da sua empresa, desinvestir em negócios importantes, e recusará questões que tenham impacto nos seus interesses. No entanto, estes passos não ultrapassam a questão da ligação familiar, que é proibida por uma lei específica que impede a nomeação de familiares para posições na Administração. 

Jared Kushner tem um percurso em alguns aspectos parecido com o do próprio Trump: família europeia (Kushner da Polónia, Trump da Alemanha) e uma fortuna herdada que lhes permitiu fazer os seus próprios negócios, especialmente no imobiliário.

Ambos conseguiram ainda, de um modo que muitos consideram dever-se apenas às ligações familiares, estudar em instituições prestigiadas da chamada Ivy League: Trump na Universidade da Pensilvânia, Kushner em Harvard. Outra coincidência é que quer o pai de Trump quer o pai de Kushner estiveram envolvidos em processos legais – o de Kushner chegou mesmo a ser preso.

Precedente Clinton?

A lei antinepostismo foi aprovada em 1967, no que foi considerado uma reacção à nomeação pelo Presidente John F. Kennedy do seu irmão, Robert, como Attorney General (equivalente a ministro da Justiça), lembra a emissora pública NPR. Mas a lei impede também o que incomodava muitos congressistas – que os colegas empregassem as mulheres para gerir os gabinetes.

Ainda segundo a NPR, um caso que poderá ajudar Trump é, ironicamente, o de Hillary Clinton. Esta foi escolhida pelo marido, Bill Clinton, para chefiar o grupo de trabalho que levou a cabo uma proposta de reforma de saúde. A questão era no entanto diferente: na altura foi questionada a necessidade de este grupo ter de divulgar os seus registos.

A lei antinepotismo proíbe o emprego de familiares de qualquer detentor de um cargo público em agências do Governo. A NPR diz que os peritos legais concordam que não faz sentido excluir a Casa Branca da lei por não ser estritamente uma agência do Governo.