Natal em tempo de guerra
Houve neve (e uma missa de Alessandro Scarlatti) no Concerto de Natal da Casa da Música.
Para algum do numeroso público do concerto de natal da Casa da Música, a grande questão da noite prendia-se com a opção de se ter dividido a Missa para o Santíssimo Natal, de Alessandro Scarlatti, alternando as diversas partes da obra com música de outros compositores. Outra questão que se colocou: não seria de omitir o intervalo após uma primeira parte tão curta?
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Para algum do numeroso público do concerto de natal da Casa da Música, a grande questão da noite prendia-se com a opção de se ter dividido a Missa para o Santíssimo Natal, de Alessandro Scarlatti, alternando as diversas partes da obra com música de outros compositores. Outra questão que se colocou: não seria de omitir o intervalo após uma primeira parte tão curta?
Mesmo considerando as surpresas do maestro Laurence Cummings para o final do concerto, a duração total dispensava de facto qualquer pausa. Relativamente à primeira questão, a opção tomada terá eventualmente tornado o concerto mais dinâmico. Atacar o conhecido Concerto de Corelli (Op. 6 nº 8, “fatto per la notte di natale”) após o Credo da Missa terá ajudado a diluir o seu impacto, enfatizando a ideia de uma longa missa interrompida por momentos complementares.
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Apesar dos muitos aplausos de uma plateia erguida no momento de agradecer a prestação dos músicos, o maior entusiasmo parecia localizar-se no palco da Sala Suggia. A Orquestra Barroca da Casa da Música esteve muito bem, com boa afinação que não necessitou sequer de ser revista até ao final do concerto. A esse nível, também o coro esteve muito bem, superando inclusivamente a prova de passar de um excerto a cappella para uma peça com acompanhamento, e noutro tom, atacando sem qualquer desacerto. Há no entanto algo de inexplicável que faz com que o contraponto vocal não tenha levado o público ao júbilo, ou pela heterogeneidade do coro (vozes lisas combinadas com vozes com bastante vibrato, vozes leves com outras mais escuras e dramáticas), ou pelo afastamento das vozes em palco, potenciando a falta de unidade.
Concluído o programa, Laurence Cummings propõe três breves momentos natalícios, encaminhando-se para o mais universal dos temas ocidentais do nosso tempo: uma Noite Feliz polvilhada daquele elemento universal de todos os natais (mesmo dos países mais quentes) – os comoventes flocos de neve –, com um inglório esforço do maestro que, em vão, apelou à participação do público.