Ministro da Cultura diz que não vai haver estatuto de excepção para a Cornucópia

Luís Filipe Castro Mendes afirmou no Fórum da TSF que conferir um “estatuto diferenciado” a algumas companhias não parece, “em termos jurídicos e de direito, uma boa ideia”.

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Nuno Ferreira Santos

O ministro da Cultura foi esta segunda-feira de manhã um dos intervenientes no Fórum que a TSF dedicou à situação do Teatro da Cornucópia, cuja extinção foi dada a conhecer na sexta-feira e que, 24 horas depois, naquele que fora anunciado como o seu espectáculo de despedida, viu o Presidente da República abrir uma janela para novas negociações.

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O ministro da Cultura foi esta segunda-feira de manhã um dos intervenientes no Fórum que a TSF dedicou à situação do Teatro da Cornucópia, cuja extinção foi dada a conhecer na sexta-feira e que, 24 horas depois, naquele que fora anunciado como o seu espectáculo de despedida, viu o Presidente da República abrir uma janela para novas negociações.

Aos microfones da rádio, e contrariando o que parecia ser uma possibilidade depois da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa antes do recital de poesia deste sábado, Luís Filipe Castro Mendes garantiu que não é intenção do governo criar um estatuto de excepção para a companhia liderada pelo actor e encenador Luís Miguel Cintra.

“Criar a [figura das] companhias que, pela sua grande qualidade histórica, teriam um estatuto diferenciado e não teriam de se apresentar a concurso… Não é essa a nossa ideia”, disse o ministro, para a seguir sublinhar: “Não nos parece que em termos jurídicos e de direito seja uma boa ideia.”

Há já vários anos que Luis Miguel Cintra, um dos seus fundadores, reclama um enquadramento excepcional para esta companhia com mais de 40 anos de actividade e com um trabalho absolutamente singular no teatro português contemporâneo. Cintra terá apresentado como condição para dar continuidade à companhia que o apoio do Estado não dependa da sua apresentação cíclica aos concursos promovidos pela Direcção-Geral das Artes (DGArtes), como todas as outras estruturas (o último subídio que a companhia recebeu foi de 309 mil euros/ano, para o quadriénio 2013-2016, um dos maiores apoios que a DGArtes concede, embora inferior ao que chegou a receber no passado).  

À TSF, Castro Mendes admitiu ainda a sua surpresa perante o facto de, afinal, a Cornucópia parecer disposta a voltar atrás no seu anúncio de encerramento. O ministro da Cultura explicou ter ido no sábado ao Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, convencido de que ia assistir a um último espectáculo, tendo depois verificado que “parecia que a intenção da companhia passara a ser outra – a companhia afirmava a sua intenção de continuar”. Perante esta “situação nova”, o ministro anunciou que vai reunir “imediatamente” com a direcção da Cornucópia para “examinar o que os levou a mudar de intenção” e prometeu, “como sempre”, continuar a apoiá-la.

Notícia corrigida às 15h: a companhia recebebeu da DGArtes um apoio de 309 mil euros/ano para o período de 2013-2016