Pedro Mestre distinguido com o Prémio Carlos Paredes

O trabalho Campaniça do Despique valeu ao músico alentejano Pedro Mestre o Prémio Carlos Paredes. Vai recebê-lo este sábado, em Alverca do Ribatejo

Foto
Pedro Mestre, a viola campaniça e cantadores alentejanos DR

A distinção do cante alentejano como Património Imaterial da Humanidade na UNESCO tem vindo a dar vários frutos. O mais recente é este: o trabalho Campaniça do Despique, de Pedro Mestre, editado em 2015, foi distinguido agora com o Prémio Carlos Paredes, instituído pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, em 2002, com o objectivo de “homenagear um nome ímpar da nossa cultura musical e distinguir trabalhos discográficos de música instrumental não erudita, nomeadamente a de raiz popular” editados no ano anterior a cada edição, bem como “incentivar a criação e a difusão de música de qualidade feita por portugueses.”

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A distinção do cante alentejano como Património Imaterial da Humanidade na UNESCO tem vindo a dar vários frutos. O mais recente é este: o trabalho Campaniça do Despique, de Pedro Mestre, editado em 2015, foi distinguido agora com o Prémio Carlos Paredes, instituído pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, em 2002, com o objectivo de “homenagear um nome ímpar da nossa cultura musical e distinguir trabalhos discográficos de música instrumental não erudita, nomeadamente a de raiz popular” editados no ano anterior a cada edição, bem como “incentivar a criação e a difusão de música de qualidade feita por portugueses.”

O trabalho de Pedro Mestre foi escolhido de um total de 20 candidaturas por um júri composto por Vitorino Salomé, Pedro Campos, Ruben de Carvalho e Carlos Alberto Moniz. O prémio será entregue este sábado, pelas 21h30, no Centro Cultural do Bom Sucesso, em Alverca do Ribatejo. A cerimónia contará com a actuação do vencedor e do Grupo Coral Unidos do Baixo Alentejo. A entrada é livre.

Por altura do lançamento do disco Campaniça do Despique, Pedro Mestre disse ao PÚBLICO: “Nós precisamos sempre da raiz, que é ainda onde eu estou; uma árvore só consegue ter uma grande copa se tiver uma grande raiz. E esse é o motivo e a razão por que nós temos o cante a renovar-se, com cantadores mais jovens a aparecerem.” Naquele momento era essa a sua principal preocupação. “O cante alentejano sempre esteve ligado à terra e a um passado muito sofrido, e o povo tem esse orgulho, essa forma de estar. Mas isso vai evoluindo. O cante que se faz hoje é actual, está vivo. Não são réplicas de modas antigas. E o Alentejo sempre soube cantar as coisas do seu quotidiano. Por isso as novas gerações estão a vir para o cante e a dar-lhe a sua própria interpretação.” Pedro Mestre, que ao longo de duas décadas tem trabalhado em discos de tradição e de recolha etnográfica, quis com Campaniça do Despique assinalar que a tradição se renova sem pôr em causa a raiz original do cante: “É um canto do povo, espontâneo. Cada cantador que canta, interpreta o cante à sua maneira. E ao recriá-lo, está a criar.”

Desde que foi criado, em 2002, o Prémio Carlos Paredes já distinguiu músicos como Bernardo Sassetti (2003), Ricardo Rocha e Carlos Barretto (ex-aequo,2004), Tuba Guitarra & Bateria (2005), Madrágora e Bernardo Sassetti (ex-aequo, 2006), Mário Laginha (2007), Pedro Jóia (2008), Mu (2009), Ricardo Rocha (2010), El Fad (2011), Rosa Negra e André Carvalho (ex-aequo, 2012), Rão Kyao e Carminho (ex-aequo, 2013), Pedro Caldeira Cabral (2014) e Lisboa String Trio (2015).