O discurso de Marcelo calou todos os partidos, menos o PS

Há uma sintonia perfeita entre António Costa e o Presidente da República na avaliação de um ano de Governo.

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Reuters/ADRIANO MACHADO

A primeira vez que António Costa quis passar a ideia que Portugal era um farol de estabilidade foi há um ano, quando das eleições de Espanha não saía nem maioria de Governo nem esperança de coligações estáveis. Um ano depois de ter tomado posse com o apoio do PCP, BE e PEV, é o Presidente da República que está em sintonia com o primeiro-ministro, afinal a solução governativa que para muitos era periclitante como uma "geringonça política" superou "todas as expectativas", disse. Um discurso do chefe de Estado que deixou todos os partidos calados, menos o PS.

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A primeira vez que António Costa quis passar a ideia que Portugal era um farol de estabilidade foi há um ano, quando das eleições de Espanha não saía nem maioria de Governo nem esperança de coligações estáveis. Um ano depois de ter tomado posse com o apoio do PCP, BE e PEV, é o Presidente da República que está em sintonia com o primeiro-ministro, afinal a solução governativa que para muitos era periclitante como uma "geringonça política" superou "todas as expectativas", disse. Um discurso do chefe de Estado que deixou todos os partidos calados, menos o PS.

“É bom saber que temos um Presidente da República atento à realidade e que faz uma leitura correcta dos acontecimentos. Verifica-se uma estabilidade que contrasta com o que se passa no resto do mundo. Todos os que viram os acordos do PS com os restantes partidos como sinal de radicalismo, farão agora uma leitura muito diferente”, diz ao PÚBLICO João Galamba, porta-voz do PS.

As palavras de Marcelo Rebelo de Sousa colaram que nem luvas à mensagem que António Costa quer passar como avaliação em causa própria de um ano de trabalho no Executivo: “O país está a recuperar a normalidade”, disse no encerramento das jornadas parlamentares do partido esta terça-feira, num discurso em que deu o crédito aos parceiros da esquerda por medidas que “aceleram” o cumprimento do programa de Governo, como a devolução da sobretaxa ou o aumento extraordinário das pensões.

Costa elogia a postura dos parceiros dos quais depende, mas esta quarta-feira foi também o chefe de Estado a falar na postura “prática” dos partidos da esquerda, em assuntos, aliás, que lhes são caros como o sector financeiro. Marcelo deixou passar a ideia que o “centrão artificial”, ou seja uma ligação entre os tradicionais partidos do arco da governação (PS, PSD E CDS) seria “pouco clarificador”.

O PS sorri com mais esta leitura de Marcelo. “O Presidente está atento à ideia que o eleitorado tem dificuldade em identificar nos partidos do sistema alternativas claras. Ora Portugal é dos poucos que conseguiu trazer partidos fora do sistema. No mundo que vive com ameaças, em Portugal responsabilizou-se e incorporou-se os partidos fora do sistema trazendo-os para a responsabilidade da governação”, avalia Galamba.

Os socialistas tentam passar esta mensagem ao fim de um ano de Governo: num mundo de instabilidade, depois do Brexit, das eleições presidenciais dos EUA, da previsão de vitória no referendo constitucional italiano do "não" que pode levar à demissão do primeiro-ministro Matteo Renzi e das eleições presidenciais francesas que dão possibilidade de vitória a Marine Le Pen, a candidata da extrema-direita, o Governo português, apesar de atípico, funciona democraticamente.

Estes argumentos foram defendidos pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, que, também nas jornadas parlamentares  argumentou que esta estabilidade acontece graças ao facto de mais "um milhão de portugueses, que não tinha representação, hoje ter essa representação". Ou seja, eleitores que estavam fora do sistema, agora apoiam partidos que influenciam o Governo.

O PÚBLICO tentou ter avaliações dos restantes partidos, mas nenhum quis comentar as palavras de Marcelo, nem à direia nem à esquerda do PS. O Governo cumpre um ano no próximo sábado.