Queda de Mossul pode aumentar número de jihadistas na Europa e Magrebe

A perda de território do autoproclamado "califado" do Estado Islâmico vai levar os combatentes desmobilizados a regressarem aos seus países. "Vamos assistir a um aumento do número de ataques terroristas".

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A ofensiva pela creconquista de Mossul está em curso desde segunda-feira AFP

Os europeus esperam que a conquista de Mossul, o último grande bastião do Estado Islâmico no Iraque, não acelere o regressos de jihadistas ao continente, já assolado por ataques terroristas.

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Os europeus esperam que a conquista de Mossul, o último grande bastião do Estado Islâmico no Iraque, não acelere o regressos de jihadistas ao continente, já assolado por ataques terroristas.

"A reconquista de Mossul pode levar os combatentes do EI a voltarem à Europa", disse o comissário europeu para a Segurança, Julian King, numa entrevista ao jornal alemão Die Welt. "Mesmo um pequeno número [de jihadistas] representa uma séria ameaça, para a qual nos devemos preparar aumentando a nossa capacidade de resistência face à ameaça terrorista", acrescentou o britânico.

As forças iraquianas deram início, na segunda-feira, a uma grande ofensiva para recapturar a cidade, nas mãos do Estado Islâmico há dois anos. A luta, que se prevê que seja longa e dura, ameaçando a vida de perto de um milhão de civis — com a ONU a advertir para a possibilidade de centenas de milhares de pessoas ficarem deslocadas e a necessitarem de abrigo — mas também provocando a desmobilização de milhares de combatentes extremistas, muitos deles europeus.

King disse que o EI tem, no Iraque e na Síria, cerca de 2500 combatentes europeus. Entre eles, há franceses, britânicos e alemães, entre outras nacionalidades.

"Os serviços de segurança devem em princípio controlar o incêndio e fazer desaparecer o perigo que estas pessoas representam", se regressarem a casa, "mas é muito difícil", reconheceu por seu lado o responsável pelo Interior alemão, Hans-Georg Maassen.

Os meios de comunicação social alemães estimam que sejam necessários dez polícias para vigiar, 24 horas, um islamista regressado, sendo que a polícia já está assoberdada com a vigilância a indivíduos considerados de risco e que nunca saíram do país.

Do lado francês, e também segundo as fontes de segurança, há cerca de 400 cidadãos nos territórios do Estado Islâmico, 150 deles combatentes (os restantes são membros das suas famílias). O ministro do Interior, Jean-Marc Ayrault, mencionou esta terça-feira o perigo "dos menores radicalizados".

No caso de derrota dos jihadistas em Mossul, "alguns tentarão fixar-se noutros locais e outros tentarão voltar para França, o que coloca um grande problema de segurança", disse uma fonte da Segurança francesa, tentando relativizar a ameaça e dizendo que há outros locais onde o risco subirá. O regresso de jihadistas representa também uma ameaça para a Rússia (tchetchenos), para a Líbia e para o Magrebe.

A Tunísia forneceu milhares de militantes e combatentes ao Estado Islâmico e a outros grupos jihadistas, sendo o país com o maior contingente estrangeiro em combate. Mas também há um grande número de estrangeiros oriundos das repúblicas do Cáucaso e da Ásia Central.

Outra fonte de segurança francesa explicou que os esforçso do exército iraquiano irão no sentido de "interceptar o máximo" de jihadistas "à saída de Mossul" ou "bloqueá-los em Raqa", a capital do Estado Islâmico na Síria.

"Penso que o EI entra numa nova fase" após as perdas territoriais na Síria e no Iraque, que põem em causa o seu projecto de "califado" — uma entidade política fundamentalista, diz o director da agência Ippso, especializada em matérias de anti-terrorismo, Chris Phillips. "Vamos assistir a um aumento do número de ataques terroristas no Norte de África e no Ocidente", antecipa, explicando que o fenómeno é "ampliado pela crise de refugiados" que vai permitir a alguns jihadistas entrar na Europa sem serem detectados.