Cohen em casa

Todas as entrevistas de Leonard Cohen são boas. O ano passado Jeff Burger juntou mais de 600 páginas delas no livro Leonard Cohen on Leonard Cohen e fiquei com pena que fosse tão curto.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Todas as entrevistas de Leonard Cohen são boas. O ano passado Jeff Burger juntou mais de 600 páginas delas no livro Leonard Cohen on Leonard Cohen e fiquei com pena que fosse tão curto.

Mesmo assim a entrevista-reportagem feita por David Remnick no New Yorker desta semana (e que está disponível grátis online) é das emocionantes. A certa altura Remnick fala de histórias de Cohen e Dylan e, de repente, põe Dylan a falar sobre as virtudes de Cohen como compositor musical.

Dylan fala longamente, com grande pormenor técnico e citando exemplos de canções concretas, do talento especial de Cohen. Remata dizendo que só é comparável ao genial Irving Berlin, explicando convincentemente porquê.

Remnick quer que ele escolha as canções favoritas e Dylan, depois de dizer que gosta de todas, escolhe três canções do álbum Old Ideas de 2012: Going Home, Show Me The Place e Darkness. Como sempre, a escolha de Dylan é original e iluminadora.

Acho que nunca li uma crítica tão inteligente e clara da obra de Cohen. Dylan diz coisas interessantíssimas sobre Sisters of Mercy, The Law, Hallelujah e, por fim, sobre as letras de Cohen, onde não vê “desencanto” mas sempre “um sentimento directo, como se estivesse a conversar e a dizer-nos qualquer coisa – é só ele que fala mas os ouvintes continuam a ouvi-lo”.

Remnick conta também o raspanete monumental que levou de Cohen por ter chegado atrasado a um encontro. Depois adivinha, com humor e perspicácia, as raízes místicas do sermão...