Grato e humilde, é assim que se sente Guterres

O próximo secretário-geral da ONU fez questão de demonstrar “humildade” face aos desafios que o esperam e “humildade” para “servir os mais vulneráveis, as vítimas dos conflitos, do terrorismo, das violações dos direitos, da pobreza e das injustiças deste mundo.”

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António Guterres deverá entrar em funções a 1 de Janeiro Enric Vives-Rubio

Tem o mundo com os olhos postos nele, mas o que sente é gratidão e humildade. António Guterres, o homem que vai suceder a Ban Ki-moon no cargo de secretário-geral das Nações Unidas, falou nesta quinta-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, e na primeira declaração depois de ter sido nomeado, resumiu, ainda que em várias línguas, aquilo que sente neste momento: “Bastarão duas palavras: humildade e gratidão.”

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Tem o mundo com os olhos postos nele, mas o que sente é gratidão e humildade. António Guterres, o homem que vai suceder a Ban Ki-moon no cargo de secretário-geral das Nações Unidas, falou nesta quinta-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, e na primeira declaração depois de ter sido nomeado, resumiu, ainda que em várias línguas, aquilo que sente neste momento: “Bastarão duas palavras: humildade e gratidão.”

Em Portugal e no mundo, o dia foi de vários elogios pela nomeação de Guterres. Os deputados portugueses aplaudiram de pé no Parlamento, o socialista recebeu diferentes telefonemas, o New York Times até já partilhou um podcast a ensinar a pronunciar correctamente, carregando no “r”, o nome do novo secretário-geral das Nações Unidas: “António Guterrrres”. Páginas e capas de jornais, mas uma característica que lhe costuma ser apontada sobressaiu na sua comunicação que fez nesta tarde: diplomacia. A diplomacia com que falou da missão que o espera, do processo, dos outros candidatos e de quem o apoiou.

“Gratidão, em primeiro lugar, em relação aos membros do Conselho de Segurança pela confiança que em mim exprimiram, mas também em relação à Assembleia Geral das Nações Unidas e a todos os Estados-membros por terem decidido num processo exemplar de transparência e abertura, bem como aos meus colegas candidatos cuja inteligência, dedicação, e cujo empenhamento, nesta campanha, muito contribuíram para o prestígio das Nações Unidas”, começou por dizer, primeiro em português, o candidato escolhido, isto apesar de à última hora ter surgido na corrida o nome de Kristalina Georgieva, vice-presidente da Comissão Europeia.

“Foi com emoção que verifiquei que o Conselho de Segurança pôde decidir em unidade, por consenso, de forma atempada. E gostaria de exprimir o sincero voto de que tal facto seja simbólico e tal facto represente uma capacidade acrescida do Conselho de Segurança para, em unidade e em consenso, ter a possibilidade de tomar a tempo as decisões que o mundo conturbado em que vivemos exige”, continuou Guterres.

Na declaração que fez – de improviso, sem papéis à frente – aquele que foi durante uma década Alto-comissário para os Refugiados, insistiu na palavra humildade para expressar a consciência da dificuldade da missão que tem pela frente: “Humildade face aos enormes desafios que me esperam, à terrível complexidade dos dramas do mundo moderno, mas também humildade que é necessária para servir e, sobretudo, para servir os mais vulneráveis, as vítimas dos conflitos, do terrorismo, das violações dos direitos, da pobreza e das injustiças deste mundo.”

E ainda, continuou, “a humildade para saber reconhecer a inspiração que vem da coragem e da generosidade de tantos e tantos trabalhadores das Nações Unidas e dos seus parceiros que afrontam os maiores perigos ao serviço da comunidade internacional”.

António Guterres, que entra em funções a 1 de Janeiro, aproveitou ainda para lembrar que neste momento está ainda recomendado: “As Nações Unidas têm um secretário-geral, ele chama-se Ban Ki-moon, quero aqui prestar-lhe homenagem e quero apelar a todos os Estados-membros para que colaborem activamente, apoiem activamente Ban Ki-moon na sua acção, nas suas iniciativas, até ao final do seu mandato, para que este possa ser concluído com o maior êxito.”

No final, não esqueceu os vários protagonistas que o apoiaram na candidatura e dirigiu-se mesmo aos portugueses. Transmitiu um “profundo reconhecimento" ao Presidente da República, ao Governo, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, ao primeiro-ministro, aos partidos políticos, à Assembleia da República, “a tantas e tantas forças sociais, aos diplomatas portugueses, quer aqueles que, em Nova Iorque sob a batuta do embaixador Mendonça e Moura, quer nas diversas capitais, quer aqui em Lisboa, conduziram uma campanha extremamente eficaz”. A todos, repetiu, uma palavra “de profunda gratidão”.