Legionella: Governo disponível para fazer alteração legislativa

Em Novembro de 2014, o concelho de Vila Franca de Xira foi afectado por um surto de 'legionella', que causou 12 mortes.

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Rui Gaudêncio/Arquivo

O ministro do Ambiente disse nesta terça-feira desconhecer qualquer relatório da Polícia Judiciária sobre o surto de Legionella em Vila Franca de Xira, mostrando-se disponível para rever a lei caso se confirme um vazio legal na fiscalização dos sistemas de refrigeração.

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O ministro do Ambiente disse nesta terça-feira desconhecer qualquer relatório da Polícia Judiciária sobre o surto de Legionella em Vila Franca de Xira, mostrando-se disponível para rever a lei caso se confirme um vazio legal na fiscalização dos sistemas de refrigeração.

"Não vi nenhum relatório da Polícia Judiciária, nem ele foi tornado público de maneira a poder comentá-lo. O que interessa aqui é a decisão do Ministério Público" relativamente ao processo, disse o governante.

O governante revelou ainda à comissão que, "se o Ministério Público confirmar que não há forma de confirmação por ausência de legislação, torna-se vazio legal e o Governo está muito disponível no sentido de rever a lei e ir ao encontro de melhores práticas legislativas que existem noutros pontos da Europa".

"É uma questão de saúde pública", frisou João Matos Fernandes, que respondia na comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação a uma questão colocada pelo deputado Jorge Costa, do Bloco de Esquerda (BE).

O deputado bloquista queria esclarecimentos sobre o relatório da Polícia Judiciária, divulgado nesta terça-feira pelo jornal Diário de Notícias (DN), que dá conta de que "uma falha na legislação referente ao Ambiente está a comprometer o processo judicial".

O DN escreve que "a disseminação da bactéria através de torres de refrigeração industrial, mesmo causando perigo para a vida, pode não constituir crime de poluição com perigo comum", citando o relatório da PJ, que admite que a falta de legislação específica sobre a fiscalização e verificação de ´legionella' "está a comprometer o processo judicial" relativo ao surto de há dois anos, que matou 14 pessoas e infectou mais de 400.

Hoje, na Comissão Parlamentar de Saúde, o BE recordou o seu projecto de resolução aprovado em Março para reintroduzir a fiscalização da qualidade do ar interior, com a correspondente pesquisa da presença de 'legionella'.

Em Novembro de 2014, o concelho de Vila Franca de Xira foi afectado por um surto de 'legionella', que causou 12 mortes e infectou 375 pessoas com a bactéria.

De acordo com o balanço feito na altura, as vítimas mortais tinham entre 43 e 89 anos e eram nove são homens e três mulheres. A taxa de letalidade do surto foi de 3,2%.

O surto, o terceiro com mais casos em todo o mundo, teve início a 7 de Novembro e foi controlado em duas semanas. Na altura, o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, realçou a resposta dos hospitais, que "trataram mais de 300 pneumonias".

A doença do legionário, provocada pela bactéria 'legionella pneumophila', contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.