A Guerra dos Tronos é a série mais premiada de sempre nos Emmys

Uma noite em tom triunfante, com a TV americana orgulhosa de si mesma a premiar Veep, O Caso de O.J. e a responsabilizar-se por Donald Trump. Veja a lista dos vencedores e o monólogo de abertura.

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No início da noite dos 68.º Emmys, o anfitrião Jimmy Kimmel saiu do palco a correr para adiantar trabalho - foi entregar a estatueta alada que premeia o melhor que se faz em televisão a Jeffrey Tambor, melhor actor numa série de comédia por Transparent. A aposta estava certa, como estavam certas as previsões que davam ao potentado A Guerra dos Tronos o prémio de melhor série dramática – e a tornaram na série mais premiada de sempre, com 38 Emmys –, que coroaram Veep como melhor comédia e que confirmaram O Caso de O.J. como um dos casos sérios (e reais) do ano. Oh, “gloriosa televisão”, como lhe chamou Kimmel – mas “se não fosse a televisão, Donald Trump estaria na corrida à presidência? Não.”.

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No início da noite dos 68.º Emmys, o anfitrião Jimmy Kimmel saiu do palco a correr para adiantar trabalho - foi entregar a estatueta alada que premeia o melhor que se faz em televisão a Jeffrey Tambor, melhor actor numa série de comédia por Transparent. A aposta estava certa, como estavam certas as previsões que davam ao potentado A Guerra dos Tronos o prémio de melhor série dramática – e a tornaram na série mais premiada de sempre, com 38 Emmys –, que coroaram Veep como melhor comédia e que confirmaram O Caso de O.J. como um dos casos sérios (e reais) do ano. Oh, “gloriosa televisão”, como lhe chamou Kimmel – mas “se não fosse a televisão, Donald Trump estaria na corrida à presidência? Não.”.

Foi uma cerimónia em tom triunfante, a puxar dos seus galões. O facto de serem os Emmys com maior diversidade de sempre nas nomeações, para vergonha dos Óscares, e a potência da sua produtividade (outro número recorde, o de mais de 400 séries com guião produzidas na última temporada) não foram esquecidos.

O evento que pôs Jeb Bush, pré-candidato republicano ultrapassado pelo omnipresente Trump, a conduzir o Uber da Presidente ficcional Selina Meyer (Veep, TV Séries) e que premiou logo à cabeça o Netflix com a escrita de Master of None bem brincou com o seu poder, quando usado para o mal –  “já não temos de ver reality shows, estamos a viver num”, atirou Kimmel ao produtor do programa The Apprentice, que responsabilizou por dar a Donald Trump um púlpito televisivo. Mas a noite que deu o primeiro Emmy de Melhor Actriz, à segunda nomeação, a Tatiana Maslany pelas suas múltiplas personagens em Orphan Black (Mov) estava indisfarçavelmente orgulhosa de si própria e dos seus feitos.

A Guerra dos Tronos (SyFy), baseada na obra de George R.R. Martin e cuja sexta temporada se afastou dela, é uma espécie de cabeça de cartaz, com os prémios de realização e argumento (o episódio 9, Battle of the Bastards) além do segundo Emmy consecutivo de melhor drama. Senta-se agora onde até aqui reinava Frasier como a série ficcional mais premiada de sempre com 37 galardões (o programa campeão é Saturday Night Live, com 45). Em conjunto com os Emmys das chamadas categorias técnicas que acumulara já, das suas 23 nomeações a série da HBO conseguiu 12 vitórias e tem o troféu dos números. Ben Mendelsohn, melhor actor secundário for Bloodline, tirou o prémio a Peter Dinklage ou ao ressuscitado Kit Harington, de A Guerra dos Tronos, e Maggie Smith venceu na mesma categoria por Downton Abbey (Fox Life); Regina King repetiu o prémio, na secção de minisérie, com American Crime, e Key & Peele, entretanto cancelada, venceu o Emmy de melhor série de variedades/sketch.

A Guerra dos Tronos: Televisão sem misericórdia

Em ano de presidenciais americanas, a comédia Veep, batendo Uma Família Muito Moderna (Fox Comedy), repetiu também os seus prémios de comédia e actriz para Julia Louis-Dreyfus – que pediu “desculpas pessoalmente pelo actual clima político". "Veep derrubou o muro entre a comédia e a política”, disse a protagonista sobre a sátira mirabolante sobre a inépcia de quem habita a política, mas agora parece “um documentário”. 

E foi exactamente a fronteira entre a realidade e a ficção, ou a televisão, que teve uma noite de consagração no domingo. O Caso de O.J., minisérie da antologia American Crime Story de Ryan Murphy (Fox), deu força à exploração dramática do crime real na ficção televisiva em 2016 e teve uma ressonância social e racial de peso. Foi uma das grandes vencedoras, arrebatando os prémios de melhor minisérie, melhor actriz (Sarah Paulson), melhor actor (Courtney B. Vance, que bateu Cuba Gooding Jr.) e melhor actor secundário (Sterling K. Brown), além do argumento.

O.J. foi “uma poderosa síntese de realidade e entretenimento”, como resume o New York Times, numa noite em que em muitos casos as expectativas do público, a avaliação da crítica e a margem de erro estiveram em harmonia sobre o que é a melhor televisão de 2016.

The Americans (Fox Crime) continua à espera de reconhecimento no drama (mas em 2017, a 7.ª temporada de A Guerra dos Tronos estreia-se já fora do prazo para poder ser nomeada), Last Week Tonight (RTP3) de John Oliver venceu melhor programa de variedades/talk-show e foi distinguido na escrita, a recém-chegada Mr. Robot (TV Séries) foi elogiada na pessoa do seu protagonista, Rami Malek, que recebe o primeiro Emmy... e até alguns dos miúdos do fenómeno deste Verão, a série Netflix Stranger Things, distribuíram comida pelo público, composto pelos seus pares veteranos, na sua maioria adultos que viram a televisão convencional multiplicar-se em ecrãs. A HBO, canal de cabo por subscrição premium (que em Portugal tem casa no TV Séries), continua a ser a estação mais premiada (22), seguida de perto pelo FX de O Caso de O.J. (18, dos quais nove para a minisérie judicial).

O tema da diversidade esteve a dar na televisão ao longo do ano e, apesar de haver muito menos não-brancos e mulheres a trabalhar atrás das câmaras do que os prémios de 2016 fariam pressupor, na comédia, Jill Soloway deu mais uma vitória à série da Amazon, com o Emmy de realização a ir para Transparent; e Susanne Bier juntou um Emmy ao seu Óscar de realização (filme estrangeiro, em 2011) pela minisérie O Gerente da Noite (AMC), que adapta John Le Carré não só à televisão mas à actualidade – uma das figuras centrais da intriga era um homem, que se transformou numa agente secreta. É a televisão a tentar, com a maior flexibilidade dos seus processos de produção, ser mais equilibrada “Se queremos fazer uma série com o potencial de ter a audiência contemporânea como alvo”, disse ao PÚBLICO, em Fevereiro, a realizadora agora premiada, “temos de reflectir o mundo como ele é”.

Vencedores nas principais categorias (a lista completa pode ser consultada aqui)

Melhor série dramática

A Guerra dos Tronos (HBO)

The Americans (FX)

Better Call Saul (AMC)

Downton Abbey (PBS)

Segurança Nacional (Showtime)

House of Cards (Netflix)

Mr. Robot (USA)

Melhor Comédia

Veep (HBO)

Black-ish (ABC)

Master of None (Netflix)

Uma Família Muito Moderna (ABC)

Silicon Valley (HBO)

Transparent (Amazon)

Unbreakable Kimmy Scmidt (Netflix)

Melhor mini-série

O Caso de O.J. – American Crime Story (FX)

American Crime (ABC)

Fargo (FX)

O Gerente da Noite (AMC)

Roots (History)

Melhor Actor numa série dramática

Rami Malek, Mr. Robot (USA)

Kyle Chandler, Bloodline (Netflix)

Bob Odenkirk, Better Caul Saul (AMC)

Matthew Rhys, The Americans (FX)

Kevin Spacey, House of Cards (Netflix)

Liev Schreiber, Ray Donovan (Showtime)

Melhor Actriz numa série dramática

Tatiana Maslany, Orphan Black (BBC America)

Claire Danes, Segurança Nacional (Showtime)

Viola Davis, Como Defender um Assassino (ABC)

Taraji P. Henson, Empire (Fox)

Keri Russell, The Americans (FX)

Robin Wright, House of Cards (Netflix)

Melhor Actor numa série de comédia

Jeffrey Tambor, Transparent (Amazon)

Anthony Anderson, Black-ish (ABC)

Aziz Ansari, Master of None (Netflix)

Will Forte, The Last Man on Earth (Fox)

William H. Macy, Shameless (Showtime)

Thomas Middleditch, Silicon Valley (HBO)

Melhor Actriz numa série de comédia

Julia Louis-Dreyfus, Veep (HBO)

Laurie Metcalf, Getting On (HBO)

Ellie Kemper, Unbreakable Kimmy Schmidt (Netflix)

Tracee Ellis Ross, Black-ish (ABC)

Amy Schumer, Inside Amy Schumer (Comedy Central)

Lily Tomlin, Grace and Frankie (Netflix)

Melhor Actor num telefilme ou mini-série

Courtney B. Vance, O Caso de O.J. – American Crime Story (FX)

Bryan Cranston, All the Way (HBO)

Benedict Cumberbatch, Sherlock (PBS)

Idris Elba, Luther (BBC America)

Cuba Gooding Jr, O Caso de O.J. – American Crime Story (FX)

Tom Hiddleston, O Gerente da Noite (AMC)

Melhor Actriz num telefilme ou mini-série

Sarah Paulson, O Caso de O.J. – American Crime Story (FX)

Kirsten Dunst, Fargo (FX)

Felicity Huffman, American Crime (ABC)

Audra McDonald, Lady Day at Emerson's Bar and Grill (HBO)

Lili Taylor, American Crime (ABC)

Kerry Washington, Confirmation (HBO)