Governo diz que “não se podia fazer mais” no combate às chamas

Ministra da Administração Interna accionou conta de emergência para apoiar donos de gado que perderam os pastos.

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Fogo de 12 de Agosto em Sever do Vouga Rui Farinha

O secretário de Estado da Administração Interna disse esta terça-feira que, dada a dimensão dos incêndios registados neste mês, “não se podia fazer mais” no combate às chamas e indicou não estar prevista a requisição de mais meios aéreos. “A simultaneidade das ignições e da criação de incêndios foi tanta e tão concentrada em tantos distritos que não se podia fazer mesmo mais”, afirmou Jorge Gomes.

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O secretário de Estado da Administração Interna disse esta terça-feira que, dada a dimensão dos incêndios registados neste mês, “não se podia fazer mais” no combate às chamas e indicou não estar prevista a requisição de mais meios aéreos. “A simultaneidade das ignições e da criação de incêndios foi tanta e tão concentrada em tantos distritos que não se podia fazer mesmo mais”, afirmou Jorge Gomes.

De acordo com o governante — que falava à margem de uma visita ao comando do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa —, o que aconteceu nestas últimas semanas deveu-se ao “comportamento dos cidadãos”. “Isto não acontece por acaso”, reforçou o responsável, referindo que quando “33% das ignições são à noite, alguma coisa está aqui de errado”.

Neste mês de Agosto, registaram-se incêndios de grandes dimensões principalmente no norte e centro do país, como nos distritos de Aveiro e Viseu, e na Madeira, e, além da área florestal ardida, o fogo destruiu casas e provocou a morte de três pessoas.

Falando ontem aos jornalistas, o secretário de Estado da Administração Interna recusou que tais consequências se relacionem com a falta de meios aéreos. “Podemos pensar que, se tivéssemos mais aviões [isso teria sido evitado]? Não, os aviões também não têm espaço aéreo para poder operar só em cima de um distrito. Não dá”, vincou, salientando que esta foi a “resposta possível”.

“Recordo sempre que nós tivemos 455 incêndios num dia e chegámos à noite com dez incêndios, o que quer dizer que o dispositivo respondeu e com muita eficácia”, exemplificou Jorge Gomes.

Já questionado sobre a eventual requisição de mais meios aéreos, o governante referiu não estar “nada previsto”. “Já partiram os meios aéreos de Marrocos e da Europa — de Itália, concretamente. Neste momento, estamos com os nossos meios aéreos. Mantemos o apoio russo, porque são aviões de grande porte e que vêm de bastante longe, [...] mas depois iremos libertá-los, porque nós temos recursos suficientes para a época normal”, adiantou Jorge Gomes.

Apesar de considerar que o pior já passou, o responsável lembrou que “o Verão ainda não acabou”. “Vamos ter muita calma, vamos continuar a trabalhar. Nós, cidadãos, vamos continuar a portar-nos bem e nós, Protecção Civil, estamos cá para responder e dar segurança aos cidadãos, que podem contar com o dispositivo”, sustentou.

Conta de Emergência

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, anunciou esta terça-feira que decidiu accionar a Conta de Emergência deste Ministério para ajudar os proprietários de zonas norte e centro onde os fogos da primeira quinzena destruíram pastos que deixaram em causa a alimentação de “milhares de animais (...) da espécie bovina, ovina, caprina e equídeos”.

Em comunicado, a ministra refere que, em consequência, os donos dos animais se viram obrigados a comprar alimentos para o gado. Constança Urbano de Sousa sublinha que “a decisão sobre os apoios a conceder terá em linha de conta uma avaliação rigorosa e documentada dos danos e a verificação da incapacidade de os sinistrados, pelos seus próprios meios, os superarem”.