Presidente checo quer referendo sobre a UE e sobre a NATO

Primeiro-ministro já disse que o Governo não vai promover consulta pública sobre estes temas.

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Milos Zeman com outros líderes europeus (a seguir a Vladimir Putin) Alain Jocard/REUTERS

O Presidente da República Checa, Milos Zeman, apelou à realização de um referendo sobre a permanência do seu país na União Europeia e na NATO, indo ainda mais além do “Brexit” britânico.

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O Presidente da República Checa, Milos Zeman, apelou à realização de um referendo sobre a permanência do seu país na União Europeia e na NATO, indo ainda mais além do “Brexit” britânico.

No entanto, Bohuslav Sobotka, o primeiro-ministro checo, já declarou que o Governo de Praga não tem a intenção de promover nenhuma consulta pública sobre estes temas.

“Não concordo com os que querem deixar a União Europeia”, disse o Presidente, segundo a Rádio Checa, num encontro com habitantes da cidade de Velke Mezirici na quinta-feira à noite. “Mas vou fazer tudo o que for possível para promover um referendo para que o povo se possa expressar. E igualmente sobre a saída da NATO”, afirmou.

Enquanto Presidente, Zeman não tem o poder de convocar um referendo — seria preciso fazer uma emenda à Constituição, ooiis a República Checa não tem uma lei geral sobre referendos. Mas é um líder político influente, num país em que muitos cidadãos se tornaram cépticos acerca da União Europeia, à qual a República Checa se juntou em 2004.

A República Checa é um dos países da Europa Central que se tem recusado a receber refugiados da guerra na Siria. E os que por lá passaram em trânsito por outros países têm sido tratados de fuma forma denunciada pelas Nações Unidas: “As violações dos direitos humanos dos migrantes não são actos isolados nem meras coincidências, mas sim sistemáticas. Parecem ser parte integral de uma política do Governo checo concebida para travar a entrada de migrantes e refugiados no país, ou para que permaneçam lá”, disse o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, em Outubro passado. 

O responsável das Nações Unidas criticava ainda o Presidente Milos Zeman pelos discursos em que revelava a a sua desconfiança dos refugiados por serem muçulmanos. “Vamos perder a beleza das mulheres porque vão obrigá-las a cobrirem-se da cabeça aos pés em burqas”, afirmou, espalhando o receio de que os migrantes obrigarão a impor a lei da sharia na Europa.

Zeman apoia ainda a petição pública “anti-imigração” lançada pelo anterior Presidente Václav Klaus, que apela ao Governo para garantir a inviolabilidade da fronteira “por todos os meios”, e critica o Governo por estar a ser demasiado passivo face à crise da migração.

Zeman manifestou também uma posição contra as sanções impostas pela UE à Rússia, em função da anexação da Crimeia e do conflito na Ucrânia, que considerou “nada mais do que uma guerra civil”. “Não devemos estar ocupados com sonhos de apoio, incluindo económico, para a Ucrânia, porque nas condições de guerra civil, o apoio económico não faz sentido”, disse a um canal russo. Em 2014, numa cerimónia de comemoração dos 25 anos da Revolução de Veludo em Praga, que marcou o colapso do regime comunista na Checoslováquia, atiraram-lhe com ovos.