Fenprof vai processar JSD por ter comparado Mário Nogueira a Estaline

JSD alega que está em curso uma "nacionalização do ensino" e por isso recorreu à figura de Estaline. Mário Nogueira diz que se sente ofendido por o terem associado a um "criminoso".

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O cartaz da JSD DR

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) anunciou nesta terça-feira que vai “avançar com um processo jurídico contra a JSD”, na sequência do cartaz divulgado no site da Juventude Social-Democrata, na segunda-feira, no qual o secretário-geral da maior organização sindical de professores aparece vestido como o ditador soviético Joseph Estaline. Neste cartaz, Nogueira aparece acompanhado, num plano mais recuado, pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que aparece apresentado como uma marioneta.

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A Federação Nacional de Professores (Fenprof) anunciou nesta terça-feira que vai “avançar com um processo jurídico contra a JSD”, na sequência do cartaz divulgado no site da Juventude Social-Democrata, na segunda-feira, no qual o secretário-geral da maior organização sindical de professores aparece vestido como o ditador soviético Joseph Estaline. Neste cartaz, Nogueira aparece acompanhado, num plano mais recuado, pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que aparece apresentado como uma marioneta.

"Isto Stalin(do) está", lê-se no cartaz da JSD, que tem ainda como legenda a seguinte frase: “Foi nisto que votou?”. A esta interpelação seguem-se os símbolos do PS, BE e PCP, identificados como “coligação de esquerda. Por enquanto o cartaz ainda é só “virtual”, mas em comunicado, divulgado nesta segunda-feira, a JSD não põe de parte a possibilidade de esta imagem ser reproduzida em cartazes de rua.

Para a Fenprof, esta ilustração “fere o bom nome da federação e, através desta, dos associados dos seus sete sindicatos”, razão pela qual decidiu processar a organização juvenil do PSD, a quem acusa de ter protagonizado uma “ofensa grave”. Em declarações ao PÚBLICO, Mário Nogueira considerou normal o facto de se sentir esta comparação como uma ofensa.  "Estranho seria que não me sentisse ofendido quando me põem disfarçado de um sujeito, que foi um criminoso" , disse, numa acusação a Estaline que dificilmente seria assumida nestes termos por todos os dirigentes do PCP. 

O secretário-geral da Fenprof disse, contudo, que não está a ponderar avançar com uma acção pessoal contra a JSD, porque considera que esta compete à organização que é posta em causa, no caso a Fenrpof, mas também por se ter "habituado, talvez por ser professor, a dar algum desconto a garotos imberbes". Para Mário Nogueira, o cartaz da JSD é exemplo de uma velha prática: "Quem não tem mais argumentos tende a recorrer ao insulto e às ofensas pessoais". Mas frisa que a JSD ultrapassou os "limites da decência" e por isso terá de estar preparada para arcar com as consequências. "Para se ser homem, não basta vestir calças", avisou.

No seu comunicado, a JSD apresenta a iniciativa como uma resposta à recente decisão do Ministério da Educação de reduzir o financiamento aos colégios com contratos de associação que se encontram na vizinhança de escolas públicas. O ME alega que deste modo está a aplicar o princípio que esteve na base destes contratos, que começaram a ser celebrados nos anos 80 para garantir ensino gratuito nas zonas onde não havia oferta pública, evitando assim que o contribuinte pague duas vezes pelo mesmo serviço. “O respeito pelo Orçamento de Estado exige-nos que o usemos no que é necessário e não no redundante”, justificou o ministro durante uma das suas várias audições no Parlamento.

Segundo a JSD, a escolha de Estaline serve de “alusão àquilo que é a nacionalização cega do ensino em Portugal, que está em curso neste momento”. "Portugal deve desenvolver o melhor modelo educativo para cada criança e jovem português. E o melhor modelo não é o que agrade mais ao comunista Mário Nogueira, que há muitos anos que não sabe o que é dar aulas. O melhor modelo não é o que mais agrade aos presidentes de câmara, ao ministro da Educação, aos directores de colégios ou qualquer outro interveniente nesta polémica. O melhor modelo é aquele que prepare melhor as crianças e jovens portugueses”", afirma ainda no comunicado divulgado nesta segunda-feira.

Nesta nota, a JSD acusa também o Governo, que classifica como “proto comunista”, de estar a mentir em relação aos custos envolvidos no fim dos contratos de associação celebrados com os colégios privados. “Quantos milhões mais custará rasgar os contratos de associação que o Governo decidiu incumprir? “, interpela, para acrescentar depois que “só há sobreposição de oferta quando existem professores contratados nas escolas sem ocupação”.

A JSD questiona ainda a razão pela qual se decidiu construir escolas novas onde já existiam colégios com contratos de associação, uma pergunta para a qual sugere uma resposta: “Atendendo ao papel do Partido Socialista no festival da Parque Escolar e a sua relação com empresas de construção, a justificação parece estar implícita”.

O PÚBLICO está à espera de saber se Tiago Brandão Rodrigues também tenciona reagir ao cartaz onde aparece como uma marioneta de Mário Nogueira, uma comparação que tem sido utilizada várias vezes pela oposição.