O peso de Vincent Lindon

A Lei do Mercado é um olhar severo sobre a ínvia moralidade laboral dos tempos modernos, construído com frieza e severidade, numa estrutura que põe o peso de Lindon no centro de tudo.

Foto

Este realismo social que sabe bem de que lado da barricada está já foi uma das forças do cinema francês, depois diluída por boas e más razões – nomeadamente o desaparecimento de quem soubesse o que fazer (e fazer bem) com isto. Em todo o caso ainda é de França (o país de Jean Gabin) que continuam a vir as melhores hipóteses de heróis (ou anti-heróis) de “allure” simultaneamente “real” e possuidora de uma dignidade “proletária” tão “velha escola” como a própria palavra “proletário”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Este realismo social que sabe bem de que lado da barricada está já foi uma das forças do cinema francês, depois diluída por boas e más razões – nomeadamente o desaparecimento de quem soubesse o que fazer (e fazer bem) com isto. Em todo o caso ainda é de França (o país de Jean Gabin) que continuam a vir as melhores hipóteses de heróis (ou anti-heróis) de “allure” simultaneamente “real” e possuidora de uma dignidade “proletária” tão “velha escola” como a própria palavra “proletário”.

É o caso de Vincent Lindon, umas das presenças mais determinadas e mais “antigas” (no sentido em que nele vive aquele aquele minimalismo expressivo dos grandes actores clássicos) do actual cinema francês. A Lei do Mercado é um olhar severo sobre a ínvia moralidade laboral dos tempos modernos, construído com frieza e severidade (a frieza e a severidade de que já nem os Dardenne parecem ser capazes), numa estrutura que põe o peso de Lindon, em todos os sentidos do termo, no centro de tudo. Mais recomendável, nem que seja para desenjoar das fantasias que todas as semanas vão desaguando nas salas.