Reino Unido é o país mais dinâmico para startups angariarem capital

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REUTERS/Alessia Pierdomenic

O Reino Unido é o país europeu mais dinâmico em termos de capital de risco para as startups, incluindo portuguesas, angariarem capital, garante Carlos Silva, co-fundador da Seedrs, plataforma britânica de crowdfunding (investimento e financiamento colectivo em empresas).

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O Reino Unido é o país europeu mais dinâmico em termos de capital de risco para as startups, incluindo portuguesas, angariarem capital, garante Carlos Silva, co-fundador da Seedrs, plataforma britânica de crowdfunding (investimento e financiamento colectivo em empresas).

"Do ponto de vista dos incentivos fiscais, o Reino Unido tem o melhor regime para investimento em startups e negócios em crescimento. Mas é não só por causa dos benefícios fiscais. Há um maior dinamismo porque tem um conjunto de investidores muito forte há bastante tempo e é o país na Europa com maior investimento de capital de risco. É normal que as empresas se concentrem à volta disso", disse.

Recentemente, três tecnológicas portuguesas iniciaram campanhas de financiamento na plataforma Seedrs.

A Climber Hotel, que pretendia angariar 65.010 libras (82.440 euros), conseguiu 80.640 libras (103 mil euros), mais 24% do que a meta estipulada, enquanto a Virtual Power Solutions (VPS) está a 4% de reunir as 249.999 libras (317 mil euros) pretendidas.

Sediada em Lisboa, a Climber Hotel desenvolveu uma solução de gestão de receitas, que pretende ajudar hotéis de pequena ou média dimensão a aumentar os rendimentos, automatizando o sistema de preços oferecidos pela Internet, podendo, potencialmente fazer os rendimentos aumentarem entre 8% e 10% e poupar entre seis a oito horas por semana aos empregados.

Reunindo dados de várias fontes externas, incluindo datas de eventos, preços dos concorrentes, meteorologia, tráfego aéreo, historial de compras do utilizador e reputação online do hotel, analisa-os usando "ciência de comportamento" para recomendar o melhor preço nas várias plataformas electrónicas onde o hotel esteja presente.

A campanha de financiamento, que oferecia acções conversíveis com um desconto de 30%, pretendia reunir capital para pagar à equipa e finalizar uma versão que consiga ser comercializada, avaliando a empresa actualmente em 1,15 milhões de libras (1,46 milhões de euros).

Com centro de desenvolvimento em Coimbra mas sede em Londres, a VPS é uma empresa que desenvolveu aparelhos e tecnologia que conseguem recolher informação para analisar o consumo de energia dos clientes, sejam industriais, comerciais, Pequenas e Médias Empresas (PME) ou particulares, e identificar formas de eficiência energética e redução dos custos.

A VPS é o resultado da fusão da ISA Energy com o agregador de energia britânico Stor Generation, adquirida no final de 2015 pela holding ISA Capital, que projectou para a VPS um crescimento superior a 100% por ano e receitas superiores a 33 milhões de euros até 2018.

O financiamento angariado pretende suportar uma campanha de marketing que atraia mais atenção e, no futuro próximo, investidores, sendo o objectivo lançar mais duas campanhas até ao final deste ano, a segunda das quais de série A, que normalmente almeja captar vários milhões de euros.

A Agroop tem em curso a segunda campanha de financiamento na Seedrs, desta vez para conseguir 75.008 euros em troca de 4,45% do capital, tendo já conseguido 36% do valor. A empresa, estabelecida em Óbidos, está avaliada em 1,6 milhões de euros.

A campanha pretende angariar financiamento para continuar a desenvolver um sistema informático que, através de informação recolhida por uma máquina semelhante a uma estação meteorológica, funciona como suporte para os agricultores tomarem decisões com base em dados agronómicos, técnicos e meteorológicos que podem contribuir para a redução de custos e aumento de produtividade.

Actualmente, a Seedrs é a maior plataforma deste tipo de financiamento a operar a nível europeu, movimentando já montantes elevados e muita "massa crítica" em termos de investidores.

Desde o lançamento, em 2012, já promoveu mais de 320 campanhas que movimentaram mais de 100 milhões de libras (128 milhões de euros).

Além do capital, uma das vantagens que oferece é ajudar as empresas, geralmente de pequena ou média dimensão, a gerir uma diversidade de investidores.

Carlos Silva, presidente e responsável pela operação na Europa, também admite existirem campanhas que não são bem-sucedidas.

Em Novembro de 2015, o chef português Nuno Mendes procurou angariar 1,75 milhões de libras (2,5 milhões de euros no câmbio da altura) para reabrir o restaurante Viajante em Londres, mas encerrou a campanha sem alcançar o objectivo.

"Pessoalmente tive pena. Era um projecto bastante promissor, mas do ponto de vista de retorno para os investidores, tinha algumas coisas que não estavam bem definidas e terá talvez sido isso que terá dificultado convencer alguns investidores a investir", explicou.

A Seedrs está actualmente a procurar expandir a actividade na Europa, estuda entrar no mercado norte-americano e quer também crescer em dimensão de negócios.

"Começámos com empresas a levantar até 150 mil libras (192 mil euros) e numa fase muito inicial. Hoje em dia temos empresas já cotadas em bolsa a levantar 3,9 milhões de libras (cinco milhões de euros), como foi o caso da [produtora de cerveja e espumante britânico] Chapel Down. Queremos ter uma maior heterogeneidade a nível de negócios a levantar capital, em diferentes fases e com valores cada vez maiores", enfatizou.